"Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo."
(Soneto de Maior Amor - Vinícius de Morais)
"Eu sei que posso estar falando algumas bobagens. Mas o que é o homem sem as bobagens em que acredita, meu prezado amigo?" - Pe. Fábio de Melo
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
"Tenho uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar quem roubou a minha caixa de lápis de cor. Tem vez que nem pergunta, apenas comenta: “poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!” A tristeza afrouxa um pouco, por mais que eu esteja chateada. Primeiro, porque é muito bom a gente se sentir olhado com carinho. Depois, porque essa expressão tem uma inocência capaz de fazer gente grande tocar em coisas sérias sem ficar com medo de queimar a mão. De vez em quando, ao ouvir a pergunta, acontece de uma lágrima ou outra escapulir, afeitos que alguns sentimentos são a desaguar no rosto quando o coração fica apertado. Mas, algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as roubou. Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de roubá-las. Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de cor preferidos sou eu."
- Ana Jácomo
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Desassossegados têm insônia e são gentis, lhes incomodam as verdades imutáveis, riem quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta idéia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodam em rede, leito, lamentam a falta que faz uma paz inconsciente. Desta raça somos todos, eu sou, só sossego quando me aceito.
- Martha Medeiros
Não queria pedir muito. Queria emprestado um pouco do tempo. Escolher outro final. Queria que o outono voltasse e a primavera continuasse com as portas abertas, realizando a proximidade. […] Que as coisas não tivessem acontecido tão depressa. Que as intenções não fossem perversas. Eu queria uma alma menos cansada. O coração mais silencioso. Uma espera menos cansativa. Que o caos tivesse outro nome, outra forma de se apresentar. Que a saudade não machucasse tanto. Que a dor não fosse agressiva. Que o perdão não chegasse muito tarde.
Queria muito jogar fora a ilusão do esperado e que nunca chegou. Achar o que foi perdido. Queria fazer um novo pedido. Queria não ter interrompido o inventário da felicidade. Não atribuir defeitos à verdade. Não transformar o aposento fechado em um breu imaginário. Não queria o silêncio. Queria o barulho da necessidade sendo suprida pelo calor do abraço. A resposta que explodia e preenchia de alegria. Atender o legítimo desejo do coração solitário. O toque das mãos de quem se importava. A eficácia da palavra que nutria o íntimo.
Queria que o carinho amenizasse o cansaço do corpo. Que a janela aberta aguardasse a brisa da noite anunciando, emocionado o sussurro de sua voz.
Eu queria que a procura encontrasse o encontro e não o abandono. Que a loucura fosse menor. Que a volta não fosse sutil. Se eu pudesse, apenas se eu pudesse. Que o medo não tomasse assento. Que a paz fosse mais freqüente. Que a oportunidade fosse um pouco maior, mais larga e flexível. Que o ritmo fosse combinado. Que a branda verdade tivesse sido dita devagarzinho. A doce insistência permanente. Queria ter mergulhado na alternância de dar e receber.
Eu nem queria muita coisa. Eu não desejei o impossível. Desejei o fundamental. Que o amor não tivesse morte súbita. Eu queria ter. Queria ser. Queria sentir um pouco mais. Eu queria o exclusivamente meu, e não o meramente ilustrativo.
- Ita Portugal
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
"Ela tem exatamente vinte e nove pintinhas marrons divergindo com o branco encanecido de suas costas lisas, dos ombros à lombar. Quando dá uma folga e adormece de bruços, gosto de ficar revirando seu tronco e membros atrás dos defeitos reles da sua carne de menina-garota-mulher. Me encurvo sobre as viandas da sua pele e vou procurando futilidades como um perito especialista em feminilidades; de olhos, dedos, dentes afiados tatuando impressões e marcas de saliva, às vezes enfrentando alguns resmungos protestantes de quem está cansada e quer ser deixada em paz alguns minutos antes de vestir a saia e o sutiã, entrar no carro e ir pra casa viver sua vida pública."
- Gabito Nunes
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
'Eu gosto do estrago. eu sei bem o que significa essa frase. eu sou essa frase. E aposto que outras milhões de pessoas acham a mesma coisa, então não tem nada de especial nisso. talvez eu deva parar com o estrago. É hora do sossego. Eu gosto de sossego. Eu falo em voz alta pra ver como fica: “Eu gosto do sossego”; não, ainda não.'
— J.Castro
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Perguntaram para mim: “por que tu não tem namorado?" Repele os homens? És uma mulher embargada? Há uma placa de ‘proibido estacionar’ em suas costas? Me diga!”. Olha, eu não sei porque não tens namorado. Honestamente.
Poxa, come batata frita, torta de limão, churrasco e trufa de leite condensado. Ok, a alcunha de magricela, cabo de vassoura ou Olívia Palito nunca lhe serviram, talvez. Urros sobre sua suposta suculência não tem advindo de prédios em construção, quiça. Quem sabe não fica bem de “tomara-que-caia”, tropica no salto agulha, não combina numa mini-saia. Mas desbanca a miss Venezuela num vestido primaveril, pisando numa rasteirinha prateada, com o cabelo preso naquele lápis cor-de-rosa, soprando a franja pra cima no calor. Não vai me acreditar, mas tu é bonita.
Tu passa longe de uma Fernada Young, uma Lia Luft, uma Sandra Werneck. Mas tu é inteligente à sua maneira. Assiste novela, mas não comenta a vida dos personagens. Gosta da Clarisse, da Cecília, da Martha. Curte o Tom, a Adriana, o Nando, a Zizi, o Cazuza. Trabalha, suspira, trabalha, checa as unhas, trabalha, sonha, trabalha, belisca uma água-e-sal, trabalha e um colega te olha. E te acha bonita idem. E também se intriga com sua solteirice.
Tem princípios iguais os da mãe. Mas se acha careta, às vezes. Não cede, mesmo só. Adora sexo, embora não faça com a mesma frequência do desejo. Se faz não vibra na mesma frequência que o parceiro. Sente raiva por ser secretamente boba, romântica e demode. Se derrete mais rápido que o sorvete napolitana na xícara de sopão quando ele diz “você me fez acordar com um sorrisão no meu rosto”. Chora na frente de ninguém, ai de ti se mais alguém souber. E você não vê a hora de um príncipe encantado por te libertar esse riso largo atrofiado, mas sabidamente bonito.
Tem umas esquisitices. Dorme de edredom e ventilador, coleciona esmaltes, cerra as pernas quando sentada e fica coçando o joelho com uma das mãos enquanto a outra segura a cabeça pelo queixo, ensaia dança do ventre pro espelho do banheiro, faz duas vezes antes de pensar, tem uns “nhe-nhe-nhê” de mulherzinha, mas qual não tem? É até bem charmoso. Nada tão relevante quanto sua forma meiga e carinhosa de perguntar “tu tá bem?”. Nada mais importante que teu ímpeto de cuidar dos outros. Nada que mude minha convicção de que tu é bonita.
O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: “cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!”. Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeito que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: “eu sou bonita”.
- Gabito Nunes
A morte cria um sentido pra nossa vida. Mais importante que isso: a morte cria um valor especial para o tempo. Se nosso tempo nessa terra fosse indeterminado, a própria vida perderia o sentido (muito provavelmente ainda estaríamos com a bunda de fora e com uma lança nas mãos). A morte é o agente mais poderoso da natureza. Ela vem para levar o velho e abrir espaço para o novo. Nosso esforço para evitar e fazer nossa curta estada aqui algo minimamente memorável é um dos motivos (ou seja… só existe a vida, gente, porque existe a morte).
— 2 Coelhos
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Eu não estou mesmo aberta a todos. As pessoas se esquecem de que ninguém é obrigado a gostar de todo mundo. Existe uma coisa chamada pele, e é isso que faz com que determinada pessoa se aproxime ou se afaste de outra. E eu estou interessada em pouca gente. Mas uma coisa é certa: se eu gostar de uma pessoa, eu morro por ela; agora, se eu não gostar, eu mato.
- Elis Regina
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
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