"Eu sei que posso estar falando algumas bobagens. Mas o que é o homem sem as bobagens em que acredita, meu prezado amigo?" - Pe. Fábio de Melo
segunda-feira, 30 de abril de 2012
A
gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de
jeito do outro. Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo.
Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Desculpa, mas quem quer
estar junto pensa 'ah, que saudade'. Ah, que falta ela me faz. Quem
gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras.
- Clarissa Corrêa
Imagine
que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, e você vai até a
estação de trem para se despedir de mim. Se depois nos comunicarmos por
carta ou telefone e nos lembrarmos da despedida, não estaremos falando
da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim. A minha lembrança e a sua
serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas. Você se
lembra de um homem que se afasta em um trem e que acena da janela. Mas
eu me lembro de um homem imóvel em uma plataforma e de que ele ficava
cada vez menor. É a única coisa que podemos compartilhar: a sensação do
outro ficando menor. Trata-se de algo que encontra eco em nossas emoções.
Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no
inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que
acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na
mente. Mas voltemos ao início: a experiência nunca pode ser
compartilhada. Ela é servida sempre em frascos individuais.
- Fransesc Miralles em: Nietzsche para estressados, de Allan Percy
Quem
gosta de você vai te tratar bem. Quem gosta de você se importa, quer o
melhor, te procura, te liga, te dá satisfação. Quem gosta quer estar
junto. Quem gosta demonstra. Quem gosta faz planos. Quem gosta apresenta
para a família e amigos. Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra
dizer que ama. Quem gosta carrega uma foto sua dentro da carteira pra
ver quando dá saudade. Quem gosta abraça na hora de dormir. Quem gosta
dá um beijo de boa noite e de bom dia. Quem gosta aguenta suas
reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias.
- Clarissa Corrêa
#né?
quinta-feira, 26 de abril de 2012
❝ Pode falar que eu não ligo, agora, amigo, Eu tô em outra. Eu tô ficando velha, eu tô ficando louca.
Pode avisar qu’eu não vou, eu tô na estrada. Eu nunca sei da hora, eu
nunca sei de nada. Nem vem tirar meu riso frouxo com algum conselho que
hoje eu passei batom vermelho, eu tenho tido a alegria
como dom, em cada canto eu vejo o lado bom. Pode falar qu’eu nem ligo,
agora eu sigo o meu nariz. Respiro fundo e canto mesmo que um tanto
rouca. Pode falar, não importa, o que tenho de torta, eu tenho de feliz.
Eu vou cambaleando, de perna bamba e solta.
— Mallu Magalhães
❝ [...] na vida as coisas acontecem na
hora certa e no lugar certo (dizem né). Acho que ultimamente ando a todo o momento
errada […] Mas que diabos é que tem de errado comigo? Há tanto tempo
tenho suportado a ser despercebida de todos. Ando só, desprezada,
angustiada, tristonha, melancólica, desamparada. Ando carente de
carinho, de afeto, de afeição, de carícia, de amor. Sinto falta de
dengo, de frescurinhas, de meiguices. Sinto falta de ser levada a sério
[…] Vislumbrei um clarão de carência em mim mesma, tão forte a ponto de
cegar quem vê. Mas isto impossível seria, já que minha agonia ninguém há
de perceber.
— Bianca Stephania
#tão eu
- Porque não ligou? Eu não
merecia mais explicações além daquela carta? Não podia ter me ligado?
Não podia ter me dado uma chance de te fazer mudar de idéia?
- Não podia.
- Não podia? Foi isso que você pensou naquela hora, que você não podia me ligar? Por quê?
- Porque eu não pude.
- Me dá uma resposta. Porque não me ligou?
- Porque só em ouvir a sua voz eu teria mudado de idéia.
- Não podia.
- Não podia? Foi isso que você pensou naquela hora, que você não podia me ligar? Por quê?
- Porque eu não pude.
- Me dá uma resposta. Porque não me ligou?
- Porque só em ouvir a sua voz eu teria mudado de idéia.
— Dear John
"Crescer
lendo livro fez com que eu jamais me conformasse com
metades. Quero os melhores romances, ou prefiro ficar sozinha.
Quero as melhores lembranças, ou prefiro não lembrar. Ou vivo
intensamente, ou vou levando essa rotina que não incomoda, não
interfere, não fere, mas também não é vida. Vou dispensando tudo o
que não julgo suficiente pra me roubar a solidão. Vou excluindo do
meu convívio todos que não parecem prontos pra marcar meu dias.
Vou me excluindo um pouquinho também, vou me dispensando sem
pudores, porque é mais fácil me deixar de lado do que lidar com
a minha falta de coerência."
metades. Quero os melhores romances, ou prefiro ficar sozinha.
Quero as melhores lembranças, ou prefiro não lembrar. Ou vivo
intensamente, ou vou levando essa rotina que não incomoda, não
interfere, não fere, mas também não é vida. Vou dispensando tudo o
que não julgo suficiente pra me roubar a solidão. Vou excluindo do
meu convívio todos que não parecem prontos pra marcar meu dias.
Vou me excluindo um pouquinho também, vou me dispensando sem
pudores, porque é mais fácil me deixar de lado do que lidar com
a minha falta de coerência."
— Verônica H.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Já viram como as mulheres conversam com os olhos? Elas conseguem
pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar. Elas fazem
um comentário sarcástico com outro olhar. E apontam uma terceira pessoa
com outro olhar. Quantos tipos de olhar existem? Elas conhecem todos.
"Amanheci
em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão
mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. O amor, em vez de
dar, exige. Quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles
precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não
merece."
- Clarice Lispector
"- Oi! Tudo bem?
- Tudo bem. Fora o tédio que me consome todas 24 horas por dia. Fora a decepção de ontem, a decepção de hoje e a desesperança crônica do amanhã. Tenho vontade de chorar, raiva de não poder. Quero gritar até ficar rouco, quero gritar até ficar louco. Isso sem contar a ânsia de vômito, reação a tal pergunta idiota. Fora tudo isso, tudo bem."
- Tudo bem. Fora o tédio que me consome todas 24 horas por dia. Fora a decepção de ontem, a decepção de hoje e a desesperança crônica do amanhã. Tenho vontade de chorar, raiva de não poder. Quero gritar até ficar rouco, quero gritar até ficar louco. Isso sem contar a ânsia de vômito, reação a tal pergunta idiota. Fora tudo isso, tudo bem."
- Oi! Tudo Bem?, Garotos Podres
quinta-feira, 19 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
APROVEITE O MOMENTO
Eu tenho uma amiga
que vive baseada em uma filosofia
de três palavras:
Aproveite o momento.
Exatamente por isso,
ela me parece ser a mulher
mais sábia neste planeta.
Muitas pessoas adiam
algo que lhes traz alegria
só porque não pensaram sobre isto,
ou não tem vaga em sua agenda,
ou não sabem o que vem pela frente ou
são muito rígidas para sair da rotina.
Outro dia eu estava pensando
sobre todas aquelas mulheres
no Titanic,
que privaram-se da sobremesa
no jantar naquela noite fatal
num esforço para manter
a silhueta.
Parece meio besta mas pense bem.
Daí em diante eu tentei
ser um pouco mais flexível.
Quantas mulheres por aí comerão
em casa porque quando seu
marido convidou para jantar
já tinha algo descongelado?
Quantas vezes você tinha suas
crianças prontas para
brincar e conversar e você
ficou em silêncio
assistindo aquele programa
na televisão?
Foram inúmeras as vezes
em que eu liguei para minha
irmã e disse,
- Que tal irmos almoçar daqui
a meia hora?
Ela ofegava e gaguejava um
- Eu não posso.
Sempre completado com um:
- Preciso lavar a cabeça.
- Você devia ter me avisado ontem.
- Eu tomei o café da manhã muito tarde.
- Parece que vai chover.
E o meu favorito:
- Hoje é segunda-feira.
Ela morreu alguns anos atrás.
E nós nunca almoçamos juntos.
Parece que nós programamos
até o horário da dor de cabeça.
Nós vivemos com
uma lista de promessas que
fazemos para nós mesmos para
quando as condições
forem perfeitas.
Visitarei meus avós...
quando conseguirmos reformar
o banheiro;
Faremos uma festa...
quando substituirmos o tapete;
Sairemos em uma segunda lua de mel...
quando as crianças se formarem.
A vida tem um jeito mais
acelerado quando vamos
ficando mais velhos.
Os dias ficam menores
e a lista de promessas para
nós mesmos vai ficando
cada vez mais longa.
Uma manhã a gente acorda
e tudo o que temos para mostrar de
nossas vidas é uma ladainha de
"estou indo",
"estou planejando"
e "algum dia,
quando as coisas estiverem
ajeitadas".
Quando alguém convida minha amiga
"aproveite o momento",
ela está sempre aberta à
aventuras e disponível para viagens.
Ela mantém a mente aberta para
novas idéias.
Seu entusiasmo pela vida
é contagioso.
Meus lábios não tocavam em
um sorvete há 10 anos.
E eu adoro sorvete.
Noutro dia,
eu parei o carro e comprei
um cascão triplo.
Se meu carro batesse em um
iceberg a caminho casa,
eu teria morrido feliz.
Agora,
vá em frente e tenha
um bom dia.
(desconheço a autoria)
Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O "não ser está do avesso do ser", assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas complementando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos.
- Pe. Fábio de Melo
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Acho que a gente passa boa parte da vida tentando descobrir quem é. Existe uma fase em que achamos que temos que provar algo para alguém. Já tentei agradar outras pessoas inventando uma espécie de personagem. É chato, dá trabalho, cansa e no final do dia a gente se sente uma farsa, quase um lixo.
— Clarissa Corrêa
Mostrei minha obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes dava medo. Responderam-me “Por que um chapéu daria medo?” Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem entender melhor. Elas têm sempre necessidade de explicações detalhadas.
- O Pequeno Príncipe
Eles não estavam trocando juras de amor, não andavam de mãos dadas, nem se chamavam por nomes infantis. Não tinha pieguice romântica ali. Mas foi a cena mais doce que eu vi: dois olhares se encontrando. Não só se encontrando: se confortando, se sabendo, se completando. Eu notei que eles eram algo além de amigos, que se desejavam e se protegiam, e foi só pela cumplicidade dos olhos, que deixavam de ser dois e se enlaçavam quatro.
—Verônica H.
domingo, 1 de abril de 2012
Ainda é cedo, amor! Mal começaste a conhecer a vida já anuncias a hora de partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar. Preste atenção, querida. Embora eu saiba que estás resolvida, em cada esquina cai um pouco a tua vida. Em pouco tempo não serás mais o que és. Ouça-me bem, amor! Preste atenção, o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a pó. Preste atenção, querida. De cada amor tu herdarás só o cinismo. Quando notares, estás à beira do abismo… abismo que cavaste com os teus pés.
- O mundo é um moinho, por Cartola
— Lembra-se do dia que nos conhecemos? — perguntei. |
— Sim. Na padaria. Estantes opostas. Você perguntou se eu gostava se sorvete de morango mais do que chocolate. Eu sorri e disse meu nome. Você tinha cabelos curtos naquela época... |
—...E andava na ponta dos pés. |
— Só pra não fazer barulho quando entrasse no coração de alguém. |
- Cortinas e Regalos, Tamires C |
Coincidência ou não, depois de tantos meses, andando na rua durante aquela tarde tão repleta de saudade, encontrei um velho vendedor de flores com apenas uma espécie em seu carro de vendas: tulipas. Ainda me lembro como se fosse recente da vez em que você me contou sobre sua paixão por essa flor, que tinha a forma tão parecida com a de um beijo ou de uma mordida. Seis pétalas unidas, mas não dependentes, e sim complementares em seu apoio perfeito umas às outras. Você disse ainda que tulipas não precisavam ter cor, sendo tão lindas como de fato são, embora tivesse comentado em seguida, em contraposição, que cada cor de uma flor certamente representa um sentimento ou sensação. Lembra-se quando, depois de todas aquelas crueldades ditas entre nós, você achou jogada ao chão da porta de sua casa uma tulipa mesclada das mais diversas belas cores? Você recolheu-a como se fosse uma criança indefesa, e tentou fazê-la reviver por dois dias, em vão. Ao fim da segunda tarde em repouso no copo com água, ela deitou-se caída, cansada, chorosa. E tu, com um olhar melancólico engolido, disseste, certamente não querendo se referir apenas à flor morta:
— Essa certamente foi tudo. Foi amor, alegria, ciúme, raiva, desespero. Foi coração de gente. — e baixinho, em seguida, disse à si mesma — Da gente.
E eu entendi tudo. Quisera não ter entendido.
- A Bíblia dos Becos, por Bianca Landi
"Eu tenho que arranjar algum conforto pra viver. Paixão é bom, eu sei, já tive mais de mil. Mais de mil vezes eu vi que era engano, que era por mim que eu estava chorando e tanto tempo eu tento que me sirva de consolo. Eu quero amar alguém, sem delirar de novo. Se Deus existe mesmo e o amor é seu agente, então ele só pode fazer bem pra gente."
- Cazuza
"Eu tenho que arranjar algum conforto pra viver. Paixão é bom, eu sei, já tive mais de mil. Mais de mil vezes eu vi que era engano, que era por mim que eu estava chorando e tanto tempo eu tento que me sirva de consolo. Eu quero amar alguém, sem delirar de novo. Se Deus existe mesmo e o amor é seu agente, então ele só pode fazer bem pra gente."
- Cazuza
"Escreva sobre o que te dá medo, sobre o que te dá vergonha, sobre o que você ama. Escreva sem julgar, escreva sobre os outros. Escute conversas alheias, mesmo se as pessoas te parecerem estranhas. Ande de ônibus e de metrô e observe tudo. Lide com pessoas de diferentes profissões e idades. Não fique cercado por pessoas que tem a sua idade e fazem a mesma coisa que você. Aliás, fuja delas."
- Resposta de Pedro Almodóvar para uma cineasta iniciante, quando ela pediu um conselho
"Tanta gente vive em circunstâncias infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente sol."
- Jon Krakauer, “Into The Wild”
Assinar:
Postagens (Atom)
- Clarissa Corrêa