domingo, 31 de agosto de 2014

Era uma vez uma pessoa. E era uma vez outra pessoa. E era uma vez um amor. E como se já não bastassem todas as complicações inerentes ao amor, este vinha com um bônus: quilômetros.
Quilômetros de distância que estavam lá por alguma razão. Trabalho, estudo, família, raízes, origens, destino, sorte ou azar. Quilômetros estes pelos quais circulavam diariamente as tradicionais e inevitáveis saudades, as inegáveis angústias, a latente ansiedade e a eterna sensação de ser um pouco injustiçado pela vida.
Era uma vez essa história clássica, espalhada pelo mundo como vírus, mas que é sempre nova e fresca e que vive em milhares ou milhões de peitos com essa avassaladora capacidade de causar transtornos e alegrias na mesma medida.
Seriam “amor” e “distância” palavras incompatíveis por natureza? Ou seriam daquelas palavras que se atraem como imãs na sede de criar histórias dignas de roteiros de cinema, atravessando oceanos, desafiando o tempo e todas as probabilidades?
Seria uma espécie de teste? Uma prova para atestar o quão dispostos estamos a nos dar? Seria provação? Uma avaliação para tentar demonstrar nosso grau de interesse pelo amor?
Sei que, por vezes, parece piada de mau gosto do destino. Quando, por exemplo, nos flagramos invejando um casal que está tendo o luxo de passear de mãos dadas. Quando esticamos o braço na cama durante a noite e tudo o que encontramos é espaço vazio. Quando descobrimos que o olfato também sente saudades, como se todo o resto já não fosse suficiente.
E os palcos para as mais belas cenas de amor deixam de ser o entardecer na praia ou a tarde chuvosa no campo para serem um saguão de aeroporto às 7 da manhã de uma terça feira, uma rodoviária lotada no fim do dia ou uma estação de trem cheia de rostos desconhecidos e completamente alheios à sua história.
E você então descobre pequenas dores em atos que sequer fazia ideia de que existiam: acariciar rostos em fotos; passar perfume para falar no Skype;  adormecer com o celular na mão, tentando vencer o sono e a distância e acabar sucumbindo a ambos; fazer da vida uma contagem regressiva, sem se lembrar que cada dia vencido é um dia a menos de vida.
Descobre novos surtos e neuroses, nos quais a frase “vou tomar uma cerveja” é lida como “vou tomar 14 cervejas, 8 whiskys e 5 doses de tequila com 18 mulheres de 1,80m, cabelos sedosos e seios fartos”. Ou a frase “vou sair para jantar” é lida como “vou sair para jantar de cinta-liga, salto 15 e seguir diretamente para uma bunga bunga do Berlusconi”. Acontece. Não é fácil não pirar.
E acaba descobrindo também algumas novas alegrias: as promoções de passagens, o súbito momento em que o sinal do 3G é bom o bastante para aguentar 7 minutos de Viber, o prazer de acordar com uma notificação querida de whatsapp. É uma verdadeira arte de buscar ânimo em pequenas coisas.
Mas a verdade é que não é fácil. É bem mais difícil do que matar um leão por dia. Porque a saudade a gente não tem como matar. A falta a gente não tem como suprir. A ausência a gente não consegue aceitar sem uma certa relutância.
Mas é realmente incrível nossa capacidade de adaptação. O esforço do cérebro para tornar as lembranças um pouco sensoriais: a memória do toque, do cheiro, do gosto. O dia a dia que vai se ajeitando. O coração que se acalma um pouco, mas que continua batendo forte a cada pequena lembrança.
Tem dias em que a gente se questiona. Faz mesmo sentido? Até quando? Até onde vamos? Tem dias de “e se…”. E se não der certo? E se for perda de tempo? E se a gente não der conta?
Mas, no fim, a verdade é que, se é amor mesmo, a gente sabe que vale a pena. Cada passo, cada suspiro, cada quilômetro encarado. E a gente sabe que não tem saída: viver o romance impossível é mil vezes melhor que não viver o romance. E que, no fundo, essa ânsia dolorida faz com que a gente se sinta extremamente vivo a cada dia.
E amar no conforto, no sólido, no concreto é sempre lindo. Mas amar no desafio, no sacrifício diário, na corda bamba é gigante. É para os fortes. Os corajosos. Os dispostos. Os que declaram, seguros, para a vida:
“Vim para amar.
E vou amar.
Não importa como, eu vou.
E não me ofereça um amor mais fácil.
É esse que eu quero.
Esse é o meu.
Não tem outro.”.

Disponível em http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/amores-e-distancia/ 
Acesso em 31/08/2014 às 11:33

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"E daqui, daqui mesmo, da janela do meu quarto, meus olhos vêem cenas que fazem meu coração transbordar de paz. Uma criança com um sorvete na mão ali, uma mulher grávida de olhos brilhantes acolá, um casal de velhinhos de mãos dadas mais à direita, um cachorro brincalhão correndo só pelo prazer de correr mais à esquerda, pipas coloridas dançando entre si lá em cima, num céu que quase ofusca a visão de tão claro. De tão calmo."
"Porque hoje, eu sorrio flores. É primavera em mim!"


— Jaya Magalhães

"Gosto quando se entrega pra mim. Quando demonstra que esta feliz por estar comigo, quando ri de qualquer coisinha besta que eu digo. Sei lá, isso me faz bem. Me faz pensar que você gosta dessa coisa de estar junto, e que nada mais te importa quando somos só você e eu."

Tati Bernardi

"O que eu fui ontem e anteontem já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é o meu dia, nenhum outro." 

Martha Medeiros
Um dos maiores presentes que você pode dar a alguém é o seu tempo. Dar o seu tempo, é dar uma porção da sua vida que nunca mais vai voltar.”

domingo, 24 de agosto de 2014

Concentre-se nos seus gigantes e você cairá. Concentre-se em Deus e seus gigantes cairão.

- Max Lucado
 
"Existem ganhos que nascem disfarçados de perdas."



- Elenita

sábado, 23 de agosto de 2014

"- O que quer dizer cativar? - disse o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços… 
- Criar laços? 
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo… 
Mas a raposa voltou a sua idéia: 
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. 
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo… 
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela. 
- Bem quisera -disse o príncipe- mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer. 
- A gente só conhece bem as coisas que cativou -disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, mas tu não a deves esquecer:
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."


— O Pequeno Príncipe
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se levam anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la… E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam… Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve. Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens… Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.
"

— William Shakespeare  - O Menestrel
"Você pode. 
Se quiser, você pode conquistar o seu destino, 
inventar a sua verdadeira vida.
Sim, você pode."


— Caio Fernando Abreu
“Gosto da pele
Do toque
Do teu cheiro
Do gosto, da força do teu beijo” 


- Millane Hora

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A gente não precisa jogar pra ganhar alguém

Quando eu era mais novo costumava achar que todo início de relacionamento, aquela parte do encontro e descoberta, era um jogo cheio de artimanhas no qual ganharia o melhor jogador. Além de toda a coisa de precisar chamar atenção e estar disponível, a gente precisava ser um bom jogador pra ganhar a outra pessoa, senão era perda. O jogo era basicamente conseguir manter o potencial romântico interessado o bastante para ganhá-lo, mas muita gente parecia nunca sair dessa fase.
Amy Winehouse já dizia que “o amor é um jogo de perdas” e eu passei um bom tempo achando o mesmo até que um pouco de experiência em relacionamentos passados me fez mudar de ideia. Se antes a probabilidade de medir o que diria, de articular as investidas, de segurar o papo no telefone por tempo limitado pra não gastar o papo, de mentir que não poderia sair só pra não me mostrar muito disponível e outras tantas táticas de jogo eram presentes, hoje esse papo me cansa à beça. Me cansa pensar que eu preciso entrar num jogo articulado só para sair com alguém e conhecer a pessoa. Bate uma preguiça – daquelas de tarde de domingo – de gente que não é clara, que não fiz o que pensa e o que sente só para ganhar você ou se deixar ser conquistado.
Existem algumas categorias clássicas de jogadores, mas o tipo que mais me cansa é o jogador-vampiro. É o típico player que está ali, se diz interessado e nunca avança ou te deixa avançar. É o tipo de pessoa que dá todos os sinais – mais claros que os dentes do Ross pós-clareamento – e mesmo assim recua. Esse jogador fica ao seu lado o tempo todo e dá corda, se alimenta da sua companhia, do seu ombro amigo (talvez até de outra-coisa-amiga), insinua e pinta um cenário romântico pra depois fingir que houve nada. Enquanto alguns chamam isso de charme, eu chamo de desgaste. O mundo já anda complicado o bastante pra gente complicar as coisas que deveriam ser boas, bonitas e prazerosas. E também pra darmos corda pra quem que não se situa e não se desenrola. Viver de amor-carretel com jogador-vampiro, sempre enrolado enquanto suga a nossa parte boa, não dá.
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Meu Deus, se o ser humano não quer nada conosco, por que fazer parecer e agir como se quisesse? E se quer,why don’t you say so? Eu já parei pra pensar que muita gente tem dificuldade em ser clara, em dizer o que quer – e mais ainda em dizer o que não quer quando se trata de relacionamentos -, mas nesses casos saber se expressar é uma dádiva e uma prova de maturidade. A diferença (sutil) entre ser legal e dar mole só é bacaninha quando a gente ainda não entendeu que não há tempo a perder, que isso desgasta a relação e que não causa interesse, mas sim preguiça. E é por essa falta de capacidade de expressão da maioria das pessoas que os desencontros acontecem.
Na minha finita e auto-baseada concepção de amor não há espaço para jogos. Se empregamos mais esforço em fingir ser o que a gente não é do que deixar que o outro nos descubra, como é que a coisa pode valer a pena? Não deveria ser cena ensaiada com script planejado, deveria ser nu e cru, natural, sentimentalmente real. E é por isso que eu tenho me afastado de jogadores, de vampiros, de gente mal esclarecida que é viciada em conquista e só quer ficar ali. Não só isso também, mas procuro seguir um conselho que me dei de não ser leviano com o coração dos outros. Tem muita gente por aí só tentando encontrar alguém bacana com quem dividir suas histórias. Porque eu tenho a certeza de que, se o amor fosse mesmo um jogo, a primeira regra seria deixar os peões de lado e não se prender ao caminho desenhado no tabuleiro.

Disponível em <http://entretodasascoisas.com.br/2014/08/13/a-gente-nao-precisa-jogar-pra-ganhar-alguem> Acesso em 14/08/2014 às 11:21h

Depois de você

Eu queria acreditar que você vai ser pra sempre, que vai ser como um daqueles meus bonequinhos bem cuidados que eu deixo no criado mudo pra me sentir segura, que vai me olhar de madrugada e dizer que as coisas vão ficar bem e que foi só um pesadelo. Quero acreditar tanto que me preocupo todos os dias com a possibilidade de jogar minhas pernas pro lado e não ter mais você. O espaço invadido me desacostumou e já não sei mais fazer cama e casa pra um só se não for pra pra nós dois.
Eu entendi o que é dormir mais tranquila, sem o pesar das pálpebras incomodando numa insônia regada a How I Met Your Mother e dois potes de iogurte desnatado – desculpa, o sorvete acabava rápido, então eu regava a solidão com algo mais light pra ver se diminuía o peso dela. Entendi o que é saber de cabeça um número de telefone que não é o seu e que serve tanto pra emergências quanto pra amenidades, porque você me escutaria mesmo se eu quisesse te falar em silêncio, não escutaria?
Você pega na minha mão e eu sinto uma firmeza diferente, uma promessa de que vai ficar por mim e me levar pra andar de bicicleta sem rodinhas segurando o meu banco. Eu sinto vontade de te amar de um jeito que eu só amei no jardim de infância, de um jeito que pede pra empurrar do balanço e te ver sorrindo lá no alto pra depois voltar voando pra mim. Depois de você eu aprendi a amar de um jeito bobo pra caramba. Sem o peso do mundo, sem vermelho na boca, sem sair por aí sendo Hilda ou furacão. Eu aprendi a comer sílabas e degustar palavras porque você me interrompia e me devorava e me fazia ser de um jeito que eu nunca imaginei que seria. Sua.
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Eu congelo a queda livre e tento desacelerar pra não te deixar perceber as coisas. Essas coisas todas que a gente esconde pra não se mostrar demais, pra não deixar ninguém ver que o melhor lado é o lado de dentro e que eu me importo com tudo isso. Você me diz pra confiar em você e o problema é que confio, confio e confundo as coisas. Será que ele. Mas acho que é melhor. Talvez eu não devesse. E você me pede pra parar de pensar tanto assim e deixar um espaço na poltrona porque chega a tempo da novela. Porque hoje você compra chocolate pra gente. Porque sim, meu bem.
Te peço paciência e me leva contigo até onde der. Até onde a estrada for boa e você gostar da companhia. Até onde a gente puder rir um do outro e se abraçar no fim do dia sabendo que mesmo que as coisas mudem, a gente teve isso, que a gente ainda vai ter uma camiseta do outro guardado em algum lugar da casa só pra dizer que esqueceu e voltar pra buscar. Promete que mesmo que o tempo passe e a gente passe com ele, você vai ligar pra mim e pra minha mãe nos feriados pra fazer piada com ela. Pra ela continuar dizendo que você é o amor da minha vida agora.
Minha mãe me jura que existe alguma coisa ali. Mas bate tanto medo. E se, e se, e se, e se. E se você me olhar de verdade como ela conta que olha, como ela diz que ele te olha com tanto carinho que o afeto já virou teu cobertor invisível, te admira e sabe que tem a mulher mais incrível do mundo com ele porque ele te enxerga assim, te olha e não te atravessa, estaca os olhos nos teus e tenho certeza das coisas que ele diz porque o corpo todo dele diz. Já percebeu que ele treme e alarga os lábios involuntariamente quando te vê, minha filha? E eu reparo que dessa vez eu vou por mim e a gente vai amar por dois.

Disponível em < http://entretodasascoisas.com.br/2014/06/23/depois-de-voce/ > Acesso em 14/08/2014 as 11:15h





França, daqui uns dias. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Na verdade, nem sei direito o que tô sentindo, só sei que tem haver com você.
— Soulstripper
Talvez eu até esteja errado, mas que se dane. Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar então? Sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo mais fácil. Eu supero e agradeço.
— Tati Bernardi
Cara, essa garota me deixa perdido. Ela é completamente confusa e absurda. Quando eu acho que estamos caminhando bem, ela resolve que está tudo errado e que ta cansada. É tão difícil pra ela sentar e deixar as coisas se desenrolarem? Porra me irrita essa mania que ela tem de mandar em tudo. É tudo do jeito da Manuela, que merda. É tudo tão forte e rápido, não consigo respirar. Parece que toda vez que estamos juntos o mundo vai explodir numa guerra de tão intenso. Eu nunca devia ter me apaixonado, essa menina é complicada e frustrante. Porra, ela me mandou ir embora mais uma vez e disse que está cansada do meu jogo. Cara, não tem jogo nenhum. Eu NUNCA tinha gostado de ninguém e fui me amarrar logo nessa louca. O problema é que agora não consigo parar de olhar pro celular esperando a sms que ela manda sempre pedindo pra eu ir pra casa dela pra gente transar e tudo se resolver. Eu que só brincava com as meninas, tem uma agora brincando comigo. Uma menina louca, frustrante e linda. Quando eu acho que ela vai ser minha, ela vai embora e muda tudo. Se pudesse, voltava no tempo e não me aproximava. Ela era só a menina linda da balda que eu queria comer e no dia seguinte nem ia lembrar, mas a guria foi mais esperta que eu. Agora eu to aqui amarradão nela, de joelhos por ela, enquanto ela curte com a minha cara.
— manu e miguel  

domingo, 10 de agosto de 2014

Por onde andam as pessoas interessantes?

Depois que terminei meu namoro, senti que as coisas deram a devida reviravolta que eu tanto proclamava. De 4 a 6 semanas foi o suficiente pra poeira baixar e chegar ao limbo. O limbo é aquele lugar calmo, não muito raro, que todo mundo tem dentro de si. Um sótão que não é escuro, não abriga histórias de terror, não tem nada a ver com os filmes. Passei um bom tempo lá e confesso que tava até feliz por não ter que me distrair com ninguém a não ser eu. Depois de todo fim a gente precisa de um tempo pra cuidar da gente, botar a cabeça no lugar, sair por aí pegando uma infinidade de gente – papo chato de autoafirmação, aposto que você me entende. E depois de tudo isso, a gente para lá no limbo pra tomar uma cerveja.
De uns meses pra cá eu senti nada. Sentia nada, nadinha. Nem por uma, nem por dez das que jantaram comigo – e não é exagero, foram dez mesmo. Mexicano, japonês, italiano, comida no parque, jantar na casa dela, McDonald’s no shopping, rodízio de pizza, crepe na Voluntários, cachorro-quente num aniversário, sobremesa aqui em casa. A cada pessoa nascia aquele interesse curioso que era rapidamente sucedido pela preguiça de se dispor, de ter que contar toda a minha história, de ter que voltar pro grande jogo das conquistas.
Não me entenda mal. Eu sempre gostei de conhecer gente. Sempre gostei de ter um coração meio vagabundo que se encantava fácil, que era só achar quem tratasse bem ou batesse um pouco que ficava grudado no celular esperando resposta. E agora nada. Nadica. A maior demonstração disso foi quando superei o medo irrefreável de tirar o last seen do Whatsapp. Não tenho esperado mais resposta de ninguém e tenho tido pavor de responder alguém que não sejam os meus amigos. Ontem, por exemplo, eu peguei um ônibus lotado e um senhorzinho puxou assunto. Contou da vida, perguntou da minha. Monossilábica, meu senhor, é assim que ela anda. Nem escondi a intolerância e tratei logo de botar dois fones no ouvido pra me esconder do desconhecido. Reparei que a gente sempre faz isso na vida. A gente sempre abafa o que tenta incomodar a apatia com algum som familiar, com alguma memória preenchida ou com a desculpa de que a gente tá sempre ocupado e não pode prestar atenção. Eu, assim como um monte de gente, não quero sair da inércia, não quero sair daquele limbo sentimental a menos que alguém me puxe.
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E isso me leva à outra questão: por onde andam essas pessoas que costumavam puxar a gente? Já falei sobretiming e sobre um monte de ingredientes pra equação, mas nem exijo amor, não. Uma história à toa, por menor que seja, só pra não lidar com o egoísmo da solidão. E nada de aparecer alguém que dê match na vida real como a gente dá no Tinder, ninguém que faça a gente ter vontade de continuar um papo tranquilo sem cobrança, mas com vontade de continuar. Quando falo em gente interessante, me refiro única e exclusivamente a quem se conecte com a gente de verdade, para além do mundo virtual e dos telefones da vida. Outro dia perguntei pra um amigo se ele sentia que as pessoas interessantes tinham sumido e ele disse que sim. Mais uma corja de amigos recém-separados e na mesma faixa de idade responderam o mesmo. E isso me faz pensar se a gente é que ficou desinteressante ou se o limbo emocional – nossa casa constante com o passar dos anos e dos relacionamentos – acabou tornando a gente mais exigente e maduro. Ou se realmente anda difícil encontrar conexão emocional numa época em que os aplicativos de pegação, a variedade de opções e a falta de tempo costumam transformar em instantâneos os relacionamentos que já estavam se tornando efêmeros.
Daqui do limbo as coisas vão de mal a monótonas. Cada novo encontro mostra que a barra de compatibilidade do last.fm tá quebrada. E eu já não sei mais se é a gente que deixou a coisa da conexão emocional se apagar por conta do momento, da apatia, da vontade interna de manter as coisas caladas ou se o mundo não tem proporcionado bons encontros com gente interessante – que deve andar escondida. Ou nós mesmos nos tornamos desinteressantes pela apatia. A única coisa que sei mesmo é que o Arnaldo Antunes nunca fez tanto sentido como hoje. Enquanto eu escrevia esse texto, um trecho dele martelava na minha cabeça, no meu limbo, na minha falta de interesse: “Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate, nem apanha”.

Disponível em < http://entretodasascoisas.com.br/2014/08/06/por-onde-andam-as-pessoas-interessantes/ >   Acesso em 10/08/2014 às 16:13h
Galera animada. Engenharia de Alimentos 2014.2 - UFRN 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

"Permita que sua solidão seja bem aproveitada, que ela não seja inútil. Não a cultive como uma doença, e sim como uma circunstância. Em vez de tentar expulsá-la, habite-a com espiritualidade, estética, memória, inspiração, percepções. Não será menos solidão, apenas uma solidão mais povoada. Quem não sabe povoar sua solidão, também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão, escreveu Baudelaire."


— Martha Medeiros
"Romantizo tudo, não consigo fugir disto. Hoje mesmo, durante a manhã, passei em frente a uma escola infantil onde as crianças brincavam descontraidamente no pátio. Um menino e uma menina, não mais de cinco anos cada um, estavam sentados no canto brincando com as mãos um do outro e sorrindo com uma graça que há tempos eu não via. Eram, ingenuamente, a espécie mais bonita de amantes: puros, sorridentes, aleatórios ao resto do mundo. Ele só olhava para ela, enquanto ela só olhava para ele. As outras crianças eram meras coadjuvantes daquela cena. Ela batia na mão dele, que não conseguia retribuir na mesma força, com um medo de machucá-la que nem mesmo ele entendia. Era amor. Quem pode dizer que não era amor no olhar daquelas crianças? Ganha de muito casal que convivo, de muitos casamentos de décadas. Ganha de muitos amores perdidos por aí. Por fim, cansados da brincadeira, emudeceram e ela encostou a pequena cabeça no ombro dele, que fez pose de homem protetor. Tão pequenos e ingênuos, mas já tão adultos nos detalhes. Ou serão os adultos que são eternamente crianças? Deveriam ser. A brincadeira entre aquelas duas crianças renderia um romance inteiro na minha cabeça. Não adianta: eu vejo presságios de amor em todos os cantos."


— Camila Costa
"Há um oceano na cabeça. As canções, livros, desenhos, gritos, sussurros e silêncios são apenas as ondas que chegam à praia. E as ondas voltam. Sempre. Nunca iguais."


— Humberto Gessinger
"As coisas bonitas estão soltas por aí, espalhadas, jogadas ao vento e esperando que agarremos cada uma delas. Estão escondidinhas em cantos que nem sempre tempos a coragem de cavucar e até em olhos que nunca nos imaginamos olhando. Elas existem, ainda que sejam raridades. Não reluzem logo de imeadito, precisam de tempo, tratamento, apreços devidos para finalmente mostrarem o seu brilho intenso. As coisas bonitas são tão nossas que jamais irão nos pertencer facilmente. Porque tudo o que somos de verdade, vive escondido."


— Camila Costa
"— Amanhã faço dez anos, vou aproveitar bem este meu último dia de nove anos.
Pausa, tristeza:
— Mamãe, minha alma não tem dez anos.
— Quanto tem?
— Só uns oito.
— Não faz mal, é assim mesmo.
— Mas eu acho que se devia contar os anos pela alma. A gente dizia: aquele cara morreu com vinte anos de alma. E o cara tinha morrido, mas era com setenta anos de corpo."


— Clarice Lispector

"Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor. São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar. A maioria deles são solteiros, os sem-namorado. Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana. É impossível ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha. Mas se é uma fatalidade ao avesso – o amor esqueceu de acontecer – aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo. (…)"


— Martha Medeiros, in Os Excluídos
"Se eu cansar, revigorar-me-ei; se cair, levantar-me-ei; se tropeçar, apoiar-me-ei; se chorar, recompor-me-ei. Mas, se eu ficar, ficar-te-á."


— Monique Rossato
"Sejamos incontroláveis então… e que a gente não desista porque ninguém acredita."


— Machado de Assis
"Pras pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas, querendo sempre aquilo que não têm… Pra quem vê a luz mas não ilumina suas minicertezas, vive contando dinheiro e não muda quando é lua cheia."


— Frejat/Cazuza

"Estive pensando nesse mistério que faz com que a vida da gente se encante tanto por outra vida. E sinta vontade de escrever poemas. Garimpar estrelas. Deixar florir pelo corpo os sorrisos que nascem no coração. Nesse mistério que nos faz olhar a mesma imagem inúmeras vezes, sem cansaço, seja ela feita de papel ou de memória. Que nos faz respirar feliz que nem folha orvalhada. Querer caber, com frequência, no mesmo metro quadrado onde a tal vida está. Cantarolar pela rua aquela canção que a gente não tinha a mínima ideia de que lembrava."


— Ana Jácomo
"Nas coisas que fazemos, quanto há de nós? Nunca é 100%, claro, pois o mundo não começou com a gente. Seria bom que nunca fosse 0%. Às vezes é. Em casos extremos, a influência é opressora, não resta nada além da vontade de ser outra pessoa. Que pena, um desperdício."


— Humberto Gessinger
"Tem que ter drama. Se não tiver drama, eu faço acontecer o drama. Por isso deve ser tão difícil conviver comigo, quem sabe? Pra mim, quanto mais dramático, mais bonito."

— Esteban Tavares
Só há uma forma de se estar perto quando se está muito longe: se fecha os olhos, bem forte, e pensa e deseja muito, muito, muito estar juntinho de quem ama.
Porque no amor tem dessas coisas
…a gente só não pode abrir os olhos
…a gente só não pode deixar de acreditar.

Cáh Morandi

sábado, 2 de agosto de 2014

Eu ri. O Augustus balançou a cabeça, me olhando. 
— O que foi? — perguntei. 
— Nada — ele respondeu. 
— Por que você está olhando para mim desse jeito? 
Ele deu um sorrisinho. 
— Porque você é bonita. Eu gosto de olhar para pessoas bonitas, e faz algum tempo que resolvi não me negar os prazeres mais simples da existência humana.


A Culpa é das Estrelas 
— Salvamos as crianças — ele disse. 
— Por enquanto — observei. 
— Todo salvamento é temporário — o Augustus retrucou. — Eu proporcionei a elas mais um minuto.Talvez esse seja o minuto que vai proporcionar a elas mais uma hora, que é a hora que vai proporcionar a elas mais um ano. Ninguém vai dar a elas uma quantidade infinita de tempo, Hazel Grace, mas a minha vida deu a elas mais um minuto. E isso não é pouco. 

A Culpa é das Estrelas 

Acabei de ler o livro, e me apaixonei... confesso que comecei a ler um tanto contrariada, desacreditando que um livro com um título tão meloso pudesse ser realmente bom, mas me surpreendeu! Prende o leitor do início ao fim, recomendo.