Minha vibe é boa demais pra te dar moral
"Eu sei que posso estar falando algumas bobagens. Mas o que é o homem sem as bobagens em que acredita, meu prezado amigo?" - Pe. Fábio de Melo
domingo, 29 de junho de 2014
“O que eu não entendo, criatura, é como você continua estacionando seu coração em local proibido. Você já não foi multada que chega? Onde mais precisa doer pra você levar jeito? Uma garota tão bonita e gente boa. Se eu não fosse seu melhor amigo, se eu não fosse pateticamente louco de amor por aquela uma, se eu fosse outra pessoa, sei lá, um cara num bar qualquer ou no McDonald’s, eu ia deixar você mexer nas minhas batatinhas. Só estou dizendo que você desperta minha atenção, justamente pelo que você mais se desdenha, como seus ombros franzinos de carregar o continente inteiro nas costas ajudando todo mundo, e seu queixinho geneticamente meio torto, que dá a entender que você está sempre invocada da vida, seu jeito tímido de andar, as mãos no bolso do jeans apertado, toda erradinha, como se tivesse sempre alguém apontando e rindo de você.”
— Gabito Nunes
sexta-feira, 27 de junho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Aceitar um fim é aceitar um novo começo. Continuar numa relação onde as pessoas não mais se entendem faz tanto sentido quanto ir patinar porque está com fome. Você perde tempo, pessoas, vida. Você ganha arranhões que poderiam ter sido evitados, ganha mágoas de alguém que poderia ter sido sempre especial e só. Ninguém disse que iria ser fácil, ninguém disse que não iria doer. O costume grita e você pensa que é o amor ainda vivo em algum canto. Grande engano, grande perigo. Até que o costume mude de figura, tudo é vazio, lembrança, saudade, tudo é ele. Mesmo depois do fim, mesmo sem amor. É o velho vício de mexer na ferida, sentir fisgada só pra não ficar sem sentir nada. E você ouve muitas fórmulas pra fazer tudo isso passar mais rápido, muito atalho tentando driblar o tempo. Não vou dizer que nenhum funciona, assim como não digo que algum funcione a longo prazo ou definitivamente. Não importa quantos corpos você tenha no verão, no inverno você sente falta da história, da alma, das manias. Vai ser ele por um bom tempo o dono das saudades bobas, das carências mais fortes, do carinho. E não tem fórmula mágica pra isso. Agora, se acabou, com certeza teve um bom motivo, já deixou de ser bonito como nas lembranças preferidas, por mais difícil que seja lembrar-se dos fatos por esse ângulo. E pro costume tomar uma nova forma, você tem que usar novos moldes, sem recaídas, sem se fechar pro mundo. Você vai tentar substituir ele por outro, e como em outros tempos,você vai colecionar decepções , e promessas que prometem que tudo será diferente e no fim são todas iguais...
Até o dia que você acordar de manhã, se olhar no espelho e entender que ali tem alguém inteiro e com tudo que você precisa pra ser feliz. E esse dia, anota aí, vale mais que anos. Não se cura um amor com um novo amor. se cura com amor próprio.
E após você se “apaixonar pelo tal amor-próprio, não se preocupe, Deus já estará na preparação de uma nova “vida” para estar ao seu lado.
Aceitar um fim é aceitar um novo começo. Continuar numa relação onde as pessoas não mais se entendem faz tanto sentido quanto ir patinar porque está com fome. Você perde tempo, pessoas, vida. Você ganha arranhões que poderiam ter sido evitados, ganha mágoas de alguém que poderia ter sido sempre especial e só.
Depois de muita análise, alguns tarja preta, muitos filmes melosos, algumas barras de chocolate, muitas palmadas na autoestima e pequenos momentos de autocrítica, você descobre que não tem nada de errado. Que é uma mulher bonita, legal, inteligente e divertida. Que as pessoas são livres para gostar de quem quiserem. Que um relacionamento às vezes acaba porque tem que acabar.
- Clarissa Corrêa
sábado, 21 de junho de 2014
Manifesto pela ocupação amorosa dos corações vazios
E de agora em diante, fica estabelecido que todos os corações vazios, mal amados, partidos, abandonados ou tão somente subutilizados serão pacífica e amorosamente invadidos e ocupados pelo amor em todas as suas formas.
Sem paus e pedras e enxadas, mas com flores e música e presentes e simples declarações de apreço e cuidado, o amor tomará posse irrevogável de todo e qualquer coração devoluto. Banqueiros e bancários, construtores e operários, empresários, professores, artistas de rua, profissionais de toda sorte, adultos e crianças e velhinhos, todas as almas solitárias deste mundo! Preparem-se para ceder sem luta à chegada implacável do amor às terras férteis de seus corações.
Abram seus portões, escancarem as portas, liberem as janelas, prendam os cachorros e preparem a casa à visita permanente do amor operário, trabalhador, corajoso e simples. Ele vai chegar sem slogans ou passeatas, sem discursos, gritos de guerra ou enfrentamentos com a polícia. Vai surgir na hora mais silenciosa da noite, deitar ao seu lado e acordar com você na hora de ir ao trabalho, como se ali estivesse desde sempre.
E então as preocupações ordinárias e mesquinhas farão as malas e deixarão os corações livres para viver em absoluto estado de ocupação plena pelas intenções e ações de um amor generoso, diário e vital.O amor vai chegar assim, de manso, mas com o passo forte e a potência de um jato varrendo a craca dos rancores, a sujeira grossa dos maus pensamentos, a gordura acumulada das chateações diárias, da burrice, da inveja, da grosseria. Virá com a força mesma da vida, desobstruindo os canais da memória entupidos de morte. Virá alegre como o cão que reencontra o dono depois da eternidade de um dia inteiro sozinho em casa, à espera.
Esse amor que acorda cedo e faz ginástica, que parece tão mais jovem do que de fato é, esse amor vai pintar as paredes da casa, mudar a posição dos móveis, vai matar a sede e a fome que restam, soltar os passarinhos de suas gaiolas ridículas, vai cuidar da horta no quintal e presentear os vizinhos com as verduras frescas. Esse amor vai florescer e perdurar e se esparramar pelas redondezas. Vai levar ao passeio diário os cachorros que vivem dentro de cada um de nós. Esse amor vai invadir em paz a nossa vida tão talhada para a guerra.
E quando as forças armadas de um coração já machucado se levantarem em defesa natural de sua estrutura, em puro e simples movimento de autopreservação, o amor estenderá sua mão pequena e linda, de unhas roídas e sem nenhum esmalte, e todas as armas cairão em silêncio. Então esse coração abrirá suas fronteiras à chegada irrefreável do encantamento amoroso e total, explosão de energia que nos leva ao encontro de quem somos, nos resgata da morte e nos devolve, sãos e salvos, à vida que é hoje, amanhã e depois um longo e eterno agora.
Disponível em : http://www.revistabula.com/2002-manifesto-pela-ocupacao-amorosa-dos-coracoes-vazios/
sexta-feira, 13 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
mulheres liberadas e homens liberados
olhe lá.
aquela por quem você pensou em se
matar.
você a viu no outro dia
saindo do seu carro
no estacionamento da Safeway.
ela usava um vestido verde
rasgado e botas velhas
e sujas.
sua face marcada pela vida.
ela viu você.
então você andou até ela
e falou-lhe e aí
ouviu.
os cabelos dela não brilhavam
sua conversa e seus olhos eram
apagados.
onde ela estava?
para onde teria ido?
aquela por quem você iria se
matar?
aquela por quem você pensou em se
matar.
você a viu no outro dia
saindo do seu carro
no estacionamento da Safeway.
ela usava um vestido verde
rasgado e botas velhas
e sujas.
sua face marcada pela vida.
ela viu você.
então você andou até ela
e falou-lhe e aí
ouviu.
os cabelos dela não brilhavam
sua conversa e seus olhos eram
apagados.
onde ela estava?
para onde teria ido?
aquela por quem você iria se
matar?
a conversa terminou
ela foi entrando na loja.
e você olhou para o automóvel dela
e mesmo ele
que costumava rodar e estacionar
em frente à sua porta
com tanto entusiasmo e um espírito de
aventura
agora parecia um ridículo
ferro velho.
ela foi entrando na loja.
e você olhou para o automóvel dela
e mesmo ele
que costumava rodar e estacionar
em frente à sua porta
com tanto entusiasmo e um espírito de
aventura
agora parecia um ridículo
ferro velho.
você decide que não vai comprar na
Safeway
você vai dirigir mais 6 quadras
a leste e comprar o que precisa no
Ralphs.
entrando no carro
você está até contente que
não tenha
se matado;
tudo é encantador e
o ar está claro.
suas mãos no volante,
você alarga um sorriso enquanto checa o tráfego
pelo espelho retrovisor.
Safeway
você vai dirigir mais 6 quadras
a leste e comprar o que precisa no
Ralphs.
entrando no carro
você está até contente que
não tenha
se matado;
tudo é encantador e
o ar está claro.
suas mãos no volante,
você alarga um sorriso enquanto checa o tráfego
pelo espelho retrovisor.
meu velho, você pensa,
você se salvou
para alguma outra pessoa, mas
quem?
você se salvou
para alguma outra pessoa, mas
quem?
uma jovem e esbelta criatura passa
numa minissaia e sandálias
mostrando pernas maravilhosas.
e vai entrar para comprar na Safeway
também.
numa minissaia e sandálias
mostrando pernas maravilhosas.
e vai entrar para comprar na Safeway
também.
você desliga o motor e
entra atrás dela.
entra atrás dela.
- Bukowski
segunda-feira, 2 de junho de 2014
- Quanto tempo demora? - perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.
Khaled Hosseini em: O Caçador de Pipas
Uma mulher infeliz por ter amor de menos, outra, infeliz por ter amor demais, e o amor injustamente crucificado por ambas. Coitado do amor, é sempre acusado de provocar dor, quando deveria ser reverenciado simplesmente por ter acontecido em nossa vida, mesmo que sua passagem tenha sido breve. E se não foi, se permaneceu em nossa vida, aí é o luxo supremo. Qualquer amor merece nossa total indulgência, porque quem costuma estragar tudo, caríssimos, não é ele, somos nós.
- Martha Medeiros
domingo, 1 de junho de 2014
“Homem não sabe se despedir: ele desaparece, prefere não mais falar a explicar suas fraquezas. Lida mal com o sofrimento. Decide sumir a ser rejeitado. Resmunga, não chora. Muda de assunto, não chora.Você nunca vê seu pai em prantos porque ele engole as lágrimas. Você nunca enxerga seu marido se emocionando porque ele vai para outra sala controlar a respiração.”
- Fabrício Carpinejar
“Talvez, ele passa a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram teus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você todos os dias, e ainda assim, preferir o silêncio.”
- Caio Fernando de Abreu
“Eu quis carinho, preocupação, aventura, colo e sopa de ervilha, mas só ganhei sacanagem. Com esses meus próprios erros, aprendi que não dá mesmo pra confiar em mim. Faltei nas aulas sobre como não transformar contato físico em afeição. Me basta um olhar, um sorriso comedido, umas palavras banais. Pronto. Meu planeta enguiça.”
- Gabito Nunes
"A beleza propõe, mas é o que a pessoa é por dentro que convence. Como uma canção, talvez. Não adianta ser bonita. Você só leva para a vida inteira se ela divertir você, se você ficar com vontade de dançar cada vez que a ouve, se ela significar algo, se ela mexer contigo de alguma forma, se ela te perturbar de uma maneira que você não consegue mais comandar seus próprios joelhos."
— Gabito Nunes
"Mulheres: gostava das cores de suas roupas; do jeito delas andarem; da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam boliche, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco importava; seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura."
— Charles Bukowski
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