— Cícero
"Eu sei que posso estar falando algumas bobagens. Mas o que é o homem sem as bobagens em que acredita, meu prezado amigo?" - Pe. Fábio de Melo
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
"Se alguém te machucou, é porque da sua parte existiu amor, existiu esperança. Com conhecimento dessas situações, muitas pessoas apostam no aprendizado que isso pode ter deixado, mas ninguém pode parar de acreditar nas pessoas, nos abraços, nas amizades, nos sentimentos. Tudo pode parecer estranho depois de mais uma decepção, mas quem não quer realizar uma grande história? Quem não quer ser o sonho de alguém? A gente pensa que o que é verdadeiro tem que ser pra sempre; mas quando queremos algo de verdade, a gente crê como se fosse nosso último ato, como se fosse nosso último motivo de esperança, nosso poder é criar a verdade em cima do que a gente acredita."
"O motivo do choro é saber que a vida é dura, mas o coração é mole. Bobo. O olho vermelho e inchado é por não saber ser rasa. E não saber exigir pouco dos outros e de mim. O motivo é essa insegurança que parece ser um órgão meu. É ver que a lágrima sai fácil como o riso frouxo. Sei, nem parece. Só quero mostrar agora que eu não sou essa fortaleza, essa menina disposta, e auto-suficiente. Esse lado é o que te deixo ver. Sou cheia de neuras, medos e fragilidade. O motivo do silêncio é ferir quem se aproxima quando aqui dentro dói. Por isso prefiro ficar calada agora. O motivo é o coração mole, na vida dura, que sempre apanha mas não muda."
— A Menina e o Violão
sábado, 19 de dezembro de 2015
Se você puser um sapo numa panela, enchê-la com água e a colocar no fogo, vai perceber uma coisa interessante: o sapo se ajusta à temperatura da água, e permanece lá dentro. E continuaria se ajustando, quanto mais subisse a temperatura. Quando a água estivesse perto do ponto de fervura, e o sapo tentasse saltar para fora, não conseguiria, porque estaria muito cansado devido aos ajustes que teve que fazer.
Alguns diriam que o que matou o sapo foi a água fervendo... O que o matou, na verdade, foi a sua incapacidade de decidir quando pular fora.
Pare de se ajustar à pessoas erradas, relacionamentos abusivos, amizades parasíticas, trabalhos fim-de-carreira e tantas situações que vivem te "esquentando".
Quando você já fez tudo o que pôde, e ainda tem que viver fazendo mais, você corre o risco de morrer tentando, e não alcançar nada.
Saia fora disso.
Texto publicado na página Gina Indelicada, no Facebook.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Todas as pessoas do universo deviam ver esse vídeo!
Gente, descobri esse vídeo hoje, muito interessante e gostaria de compartilhar com vocês, no entanto não estou conseguindo trazer ele do Youtube pra cá, então vou colocar só o link.
O vídeo fala sobre o clítoris, esse amigão nosso rsrsrs, acredito que seja do interesse de muitas pessoas, já que esclarece algumas dúvidas e tal... então, segue o link - ah e pode botar fé que não é treta!
O título do vídeo é 'Clítoris: O prazer proibido (Legendado em português)
https://www.youtube.com/watch?sts=16777&utcoffset=-120&v=Wmcu2mYZdRY&oref=https%3A%2F%2Fm.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DWmcu2mYZdRY%26itct%3DCDoQpDAYACITCLa%252FyfKO38kCFcZFkAodm4cAN1IYY2xpdG9yaXMgcHJhemVyIHByb2liaWRv&has_verified=1&client=mv-google&layout=mobile&app=desktop
O vídeo fala sobre o clítoris, esse amigão nosso rsrsrs, acredito que seja do interesse de muitas pessoas, já que esclarece algumas dúvidas e tal... então, segue o link - ah e pode botar fé que não é treta!
O título do vídeo é 'Clítoris: O prazer proibido (Legendado em português)
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sábado, 12 de setembro de 2015
O Boicote aos ônibus de Montgomery
O ônibus Cleveland Avenue das seis da tarde encostou no meio-fio
e a pequena mulher afro-americana de 42 anos, de óculos sem aro e
casaco marrom austero, subiu no veículo, pôs a mão na bolsa e
jogou uma moeda de dez centavos na bandeja para pagar a
passagem.
Era uma quinta-feira, 1o de dezembro de 1955, em
Montgomery, Alabama, e ela acabara de cumprir um longo
expediente na Montgomery Fair, a loja de departamentos em que
trabalhava como costureira. O ônibus estava lotado e, por lei, as
primeiras quatro fileiras de assentos eram reservadas para
passageiros brancos. A área na qual os negros tinham permissão de
sentar, no fundo, já estava cheia, e por isso a mulher — Rosa Parks
— sentou-se numa fileira do meio, bem atrás da seção dos brancos,
onde passageiros de qualquer raça podiam ocupar os assentos.
Conforme o ônibus continuou seu trajeto, mais pessoas
embarcaram. Em pouco tempo todas as fileiras estavam cheias, e
algumas pessoas — incluindo um passageiro branco — estavam em
pé no corredor, segurando-se numa barra. O motorista do ônibus,
James F. Blake, vendo o homem branco em pé, gritou para que os
passageiros negros na área em que Parks estava liberassem os
assentos, mas ninguém se mexeu. Havia barulho dentro do ônibus.
Eles talvez não tivessem ouvido. Blake encostou o veículo num
ponto em frente ao Empire Theater na Montgomery Street e andou
até lá atrás.
“Melhor vocês facilitarem as coisas e liberarem esses
assentos”, ele disse. Três dos passageiros negros se levantaram e
foram para o fundo, porém Parks não saiu do lugar. Disse ao
motorista que não estava na seção dos brancos, e além disso só
havia um único passageiro branco em pé.
“Se você não levantar”, disse Blake, “vou chamar a polícia e
mandar prender você”.
“Pode fazer isso”, disse Parks.
O motorista saiu e achou dois policiais.
“Por que você não levanta?”, um deles perguntou a Parks
depois que eles subiram no ônibus.
“Por que vocês nos tratam assim?”, ela disse.
“Não sei”, respondeu o policial. “Mas a lei é a lei e você está
presa.”
Naquele momento, embora ninguém naquele ônibus soubesse
disso, o movimento pelos direitos civis deu uma guinada. Essa
pequena recusa foi a primeira de uma série de ações que
transformaram a batalha das relações raciais, antes uma luta travada
por ativistas em tribunais e assembleias legislativas, num embate
cuja força viria de comunidades inteiras e de protestos em massa.
Ao longo do ano seguinte, a população negra de Montgomery iria
erguer-se e boicotar os ônibus da cidade, terminando seu protesto
apenas quando a lei de segregação de raças nos transportes públicos
fosse revogada. O boicote aleijaria financeiramente a empresa de
ônibus, atrairia dezenas de milhares de protestantes para
manifestações, apresentaria ao país um jovem líder carismático
chamado Martin Luther King Jr. e deflagraria um movimento que se
propagaria para Little Rock, Greensboro, Raleigh, Birmingham e,
por fim, para o Congresso. Parks se tornaria uma heroína, agraciada
com a Medalha Presidencial da Liberdade, e um brilhante exemplo
de como um único ato de desafio pode mudar o mundo.
Mas isso é só parte da história. Rosa Parks e o boicote aos
ônibus de Montgomery tornaram-se o epicentro da campanha
pelos direitos civis não só devido a um ato individual de desafio,
mas também a padrões sociais. As experiências de Parks são uma
lição sobre o poder dos hábitos sociais — os comportamentos que
ocorrem, sem pensar, entre dezenas, centenas ou milhares de
pessoas, que muitas vezes são difíceis de enxergar quando surgem,
mas que contêm um poder capaz de mudar o mundo. São os
hábitos sociais que enchem as ruas de manifestantes que talvez não
se conheçam, que talvez estejam marchando por motivos
diferentes, mas que estão todos avançando na mesma direção. É por
causa dos hábitos sociais que algumas iniciativas se tornam
movimentos que mudam o mundo, enquanto outras não conseguem
vingar. E motivo de os hábitos sociais terem tanta influência é
porque, na raiz de muitos movimentos — sejam eles revoluções em
grande escala ou simples flutuações nas igrejas que as pessoas
frequentam —, há um processo em três estágios que historiadores e
sociólogos dizem que sempre reaparece:
Um movimento começa devido aos hábitos sociais de amizade
e aos laços fortes entre conhecidos próximos.
Ele cresce devido aos hábitos de uma comunidade e aos laços
fracos que unem vizinhanças e clãs.
E ele perdura porque os líderes de um movimento dão aos
participantes novos hábitos que criam um novo senso de identidade
e um sentimento de propriedade.
Geralmente, apenas quando todas as três partes desse
processo são preenchidas é que um movimento pode se tornar
autopropulsor e atingir uma massa crítica. Há outras receitas para a
mudança social bem-sucedida, e centenas de detalhes que diferem
entre uma época e outra e entre uma luta e outra. Mas entender
como os hábitos sociais funcionam pode ajudar a explicar por que
Rosa Parks e a cidade de Montgomery tornaram-se catalisadores de
uma cruzada pelos direitos civis.
Não era inevitável que o ato de rebeldia de Parks naquele dia
de inverno resultasse em qualquer outra coisa além de sua prisão.
Então os hábitos intervieram, e algo incrível aconteceu.
Rosa Parks não foi a primeira passageira negra a ser encarcerada
por infringir as leis de segregação dos ônibus de Montgomery. Não
foi nem a primeira naquele ano. Em 1946, Geneva Johnson tinha
sido presa por retrucar com um motorista de ônibus de
Montgomery sobre os assentos. Em 1949, Viola White, Katie
Wingfield e duas crianças negras foram presas por sentarem na
seção dos brancos e recusarem-se a mudar de lugar. Nesse mesmo
ano, dois adolescentes negros de Nova Jersey (onde os ônibus eram
integrados) que estavam ali de visita foram detidos e encarcerados
após infringir a lei, sentando-se ao lado de um homem e um menino
brancos. Em 1952, um policial de Montgomery matou com um tiro
um homem negro quando este discutiu com um motorista de
ônibus. Em 1955, meses antes de Parks ser levada para a prisão,
Claudette Colvin e Mary Louise Smith foram presas em incidentes
diferentes por se recusarem a dar lugar a passageiros brancos.
No entanto, nenhuma dessas prisões resultou em boicotes ou
protestos. “Não havia muitos ativistas de verdade em Montgomery
na época”, me disse Taylor Branch, historiador de direitos civis,
vencedor do prêmio Pulitzer. “As pessoas não organizavam
protestos nem marchas. O ativismo era algo que acontecia em
tribunais. Não era algo que pessoas comuns fizessem.”
Por exemplo, quando o jovem Martin Luther King Jr. chegou
a Montgomery em 1954, um ano antes da prisão de Parks, ele
descobriu que a maioria dos negros da cidade aceitava a segregação
“sem nenhum protesto aparente. Não só eles pareciam resignados à
segregação em si; também aceitavam os maus-tratos e humilhações
que vinham junto com ela”.
Então por que, quando Parks foi presa, as coisas mudaram?
Uma explicação é que o clima político estava mudando. No
ano anterior, a Suprema Corte dos Estados Unidos tinha
pronunciado o veredito do caso Brown vs. Conselho de Educação,
decretando que a segregação era ilegal dentro de escolas públicas;
seis meses antes da prisão de Parks, a Corte tinha promulgado o
que viria a ser conhecido como Brown II — uma decisão ordenando
que a integração das escolas deveria avançar “numa velocidade
deliberada”. Havia em todo o país uma forte noção de que a
mudança estava no ar.
Mas isso não é suficiente para explicar por que Montgomery
se tornou o epicentro da luta pelos direitos civis. Claudette Colvin
e Mary Louise Smith tinham sido presas logo depois do caso
Brown vs. Conselho, e no entanto isso não deflagrou um protesto.
O caso Brown, para muitos moradores de Montgomery, era uma
abstração vinda de um tribunal distante, e não estava claro como —
ou se — seu impacto seria sentido localmente. Montgomery não
era Atlanta ou Austin ou uma das outras cidades onde o progresso
parecia possível. “Montgomery era um lugar bem cruel”, disse
Branch. “O racismo estava bem assentado ali.”
Quando Parks foi presa, no entanto, isso deflagrou algo
incomum dentro da cidade. Rosa Parks, diferente de outras pessoas
que tinham sido encarceradas por violar a lei da segregação nos
ônibus, era profundamente respeitada e inserida em sua
comunidade. Portanto, quando foi presa, isso pôs em movimento
uma série de hábitos locais — os hábitos de amizade — que
incitaram um protesto inicial. A participação de Parks em dezenas
de redes sociais em toda a cidade de Montgomery permitiu que
seus amigos empreendessem uma reação antes que a apatia normal
da comunidade pudesse se instalar.
A vida civil de Montgomery, na época, era dominada por
centenas de pequenos grupos que formavam o tecido social da
cidade. O Catálogo de Organizações Civis e Sociais da cidade era
quase tão grosso quanto a lista telefônica. Ao que parecia, todo
adulto — em especial, todo adulto negro — pertencia a algum tipo
de clube, igreja, grupo social, centro comunitário ou organização de
bairro, e muitas vezes a mais de um. E dentro dessas redes sociais,
Rosa Parks era especialmente conhecida e estimada. “Rosa Parks
era uma dessas raras pessoas sobre quem todos concordavam que
dava mais do que recebia”, Branch escreveu em sua história do
movimento pelos direitos civis, Parting the Waters [Dividindo as
águas]. “Seu caráter representava um dos picos isolados no gráfico
da natureza humana, compensando uma dezena ou mais de
sociopatas.” As muitas amizades e afiliações de Parks
atravessavam as fronteiras raciais e econômicas da cidade. Ela era
secretária da divisão local do NAACP,9 frequentava a igreja
metodista e ajudava a supervisionar uma organização de jovens na
igreja luterana perto de sua casa. Passava alguns fins de semana
fazendo trabalho voluntário num abrigo, outros num clube de
botânica, e nas noites de quarta-feira muitas vezes juntava-se a um
grupo de mulheres que tricotavam cobertores para um hospital
local. Fazia serviços voluntários de costureira para famílias pobres
e oferecia alterações de vestido de última hora para debutantes
brancas ricas. Na verdade, ela era tão profundamente inserida na
comunidade que seu marido reclamava que ela comia mais em
jantares comunitários do que em casa.
De modo geral, dizem os sociólogos, a maioria de nós tem
amigos que são parecidos conosco. Talvez tenhamos uns poucos
conhecidos próximos que são mais ricos, uns poucos que são mais
pobres, e uns poucos de raças diferentes — mas, no total, nossos
relacionamentos mais profundos tendem a ser com pessoas de
aparência semelhante à nossa, que ganham mais ou menos o mesmo
que nós e vêm de contextos similares.
Os amigos de Parks, no entanto, espalhavam-se pelas
hierarquias sociais e econômicas de Montgomery. Ela tinha o que
os sociólogos chamam de “laços fortes” — relacionamentos em
primeira mão — com dezenas de grupos de toda a cidade que
geralmente não entravam em contato uns com os outros. “Isso foi
absolutamente crucial”, disse Branch. “Rosa Parks transcendia as
estratificações sociais da comunidade negra e de Montgomery como
um todo. Ela era amiga de lavradores e de professores
universitários.”
E o poder dessas amizades tornou-se visível assim que Parks
foi parar na cadeia.
Rosa Parks telefonou da delegacia para a casa dos pais. Ela estava
em pânico, e sua mãe — que não tinha ideia do que fazer —
começou a folhear um catálogo mental dos amigos de Parks,
tentando pensar em alguém que talvez pudesse ajudar. A mãe ligou
para a mulher de E. D. Nixon, o antigo diretor da NAACP de
Montgomery, que por sua vez ligou para seu marido e lhe disse que
Parks precisava ser libertada sob fiança. Ele imediatamente
concordou em ajudar e telefonou para um proeminente advogado
branco chamado Clifford Durr, que conhecia Parks porque ela
fizera bainha de vestidos para suas três filhas.
Nixon e Durr foram até a prisão, pagaram a fiança de Parks e a
levaram para casa. Eles vinham procurando o caso perfeito para
desafiar as leis de segregação dos ônibus de Montgomery e,
sentindo uma oportunidade, perguntaram a Parks se ela estaria
disposta a deixar que eles contestassem sua prisão judicialmente. O
marido de Parks foi contra a ideia. “Os brancos vão te matar,
Rosa”, ele disse a ela.
Mas Parks passara anos trabalhando com Nixon na NAACP.
Frequentara a casa de Durr e ajudara suas filhas a se preparar para
bailes de debutantes. Seus amigos agora estavam lhe pedindo um
favor.
“Se vocês acham que isso vai significar alguma coisa para
Montgomery e fazer algum bem”, ela disse a eles, “fico feliz em
colaborar”.
Naquela noite — umas poucas horas após ela ser detida — a
notícia da prisão de Parks começou a se espalhar pela comunidade
negra. Jo Ann Robinson, presidente de um poderoso grupo político
de professores e amiga de Parks de diversas organizações, ficou
sabendo do ocorrido, assim como muitos dos professores do grupo
de Robinson e muitos dos pais de seus alunos. Por volta da meianoite,
Robinson convocou uma reunião extraordinária e sugeriu que
todos boicotassem os ônibus da cidade na segunda-feira, dali a
quatro dias, quando Parks deveria comparecer ao tribunal.
Depois disso, Robinson entrou discretamente na sala do
mimeógrafo de seu escritório e fez cópias de um panfleto.
“Outra mulher negra foi detida e jogada na cadeia por se
recusar a levantar de seu assento no ônibus para que uma pessoa
branca sentasse”, dizia o panfleto. “O caso dessa mulher será
julgado na segunda-feira. Estamos, portanto, pedindo que todos os
negros deixem de pegar ônibus na segunda-feira, em protesto contra
a prisão e o julgamento.”
Logo na manhã seguinte, Robinson deu pilhas dos panfletos a
alguns professores e pediu que eles os distribuíssem aos pais e
colegas. Menos de 24 horas após Parks ser detida, a notícia de sua
prisão e do boicote já se espalhara para algumas das comunidades
mais influentes da cidade — a NAACP local, um grande grupo
político, uma série de professores negros e os pais de seus alunos.
Muitas das pessoas que receberam um panfleto conheciam Rosa
Parks pessoalmente — tinham sentado ao lado dela na igreja ou
numa reunião de voluntários e a consideravam uma amiga. Há um
instinto natural embutido na amizade, uma simpatia que nos torna
dispostos a lutar por alguém de quem gostamos quando esse
alguém é tratado injustamente. Estudos mostram que as pessoas
não têm dificuldade de ignorar ofensas feitas a estranhos, porém
quando um amigo é insultado, nosso senso de revolta é suficiente
para superar a inércia que geralmente dificulta a organização de
protestos. Quando os amigos de Parks ficaram sabendo de sua
prisão e do boicote, os hábitos sociais de amizade — a inclinação
natural de ajudar alguém que respeitamos — entraram em ação.
O primeiro movimento em massa da era moderna dos direitos
civis poderia ter sido deflagrado por inúmeras prisões anteriores.
Mas ele começou com Rosa Parks porque ela possuía um grupo
grande, diversificado e conectado de amigos — que, quando ela foi
presa, reagiram como os amigos naturalmente reagem, seguindo os
hábitos sociais de amizade e concordando em demonstrar seu
apoio.
Ainda assim, muitos esperavam que o protesto não seria nada
mais que um evento de um único dia. Pequenos protestos surgem
todo dia no mundo inteiro, e quase todos esmorecem rapidamente.
Ninguém tem amigos suficientes para mudar o mundo.
E é por isso que o segundo aspecto dos hábitos sociais dos
movimentos é tão importante. O boicote aos ônibus de
Montgomery tornou-se uma ação disseminada na sociedade porque
um senso de obrigação que mantinha a comunidade negra unida foi
ativado logo após os amigos de Parks começarem a espalhar a
notícia. Pessoas que mal conheciam Rosa Parks decidiram
participar devido à pura pressão social dos conhecidos — uma
influência conhecida como “o poder dos laços fracos” —, que
tornava difícil deixar de colaborar.
Na manhã seguinte após ter pago a fiança para que Rosa Parks
saísse da prisão, E. D. Nixon deu um telefonema para o novo
pastor da Dexter Avenue Baptist Church, Martin Luther King Jr.
Eram cinco e pouco da manhã, mas Nixon não disse olá nem
perguntou se tinha acordado a filha de 2 anos de King quando o
pastor atendeu — ele simplesmente desembestou num relato da
prisão de Parks, de como ela tinha sido arrastada até a cadeia por se
recusar a ceder o assento, e os planos deles para lutar judicialmente
pelo caso dela e boicotar os ônibus da cidade na segunda-feira. Na
época, King tinha 26 anos de idade. Morava em Montgomery havia
apenas um ano e ainda estava tentando entender qual era seu papel
dentro da comunidade. Nixon estava pedindo o endosso de King,
além da permissão de usar sua igreja para fazer uma reunião sobre o
boicote naquela noite. King estava receoso de se envolver demais.
“Irmão Nixon”, ele disse, “me deixe pensar a respeito e me ligue de
volta”.
Mas Nixon não parou por aí. Ele contatou um dos amigos
mais próximos de King — um dos mais fortes dentre os laços
fortes de King —, chamado Ralph D. Abernathy, e pediu que ele o
ajudasse a convencer o jovem pastor a participar. Poucas horas
depois, Nixon ligou para King de novo.
“Vou colaborar”, King lhe disse.
“Fico feliz de ouvir você dizer isso”, respondeu Nixon,
“porque já falei com outras 18 pessoas e disse para elas se
reunirem na sua igreja hoje à noite. Seria meio ruim fazer uma
reunião ali sem você”. King logo foi recrutado para atuar como
presidente da organização que surgira para coordenar o boicote.
No domingo, três dias após a prisão de Parks, os pastores
negros da cidade — depois de falar com King e com outros
membros da nova organização — explicaram para suas
congregações que todas as igrejas de negros da cidade tinham
concordado em fazer um protesto de um dia. A mensagem era clara:
ficar olhando de fora seria constrangedor para qualquer congregado.
Naquele mesmo dia, o jornal da cidade, o Advertiser, trazia um
artigo sobre “uma reunião ‘ultraconfidencial’ de negros de
Montgomery que planejam um boicote aos ônibus da cidade na
segunda-feira”. O repórter conseguira cópias de panfletos que
mulheres brancas tinham recebido de suas empregadas domésticas.
As partes negras da cidade estavam “cobertas de milhares de
cópias” dos panfletos, explicava o artigo, e previa-se que todos os
cidadãos negros iam participar. Quando o artigo foi escrito, só os
amigos de Parks, os pastores e os organizadores do boicote tinham
se comprometido publicamente com o protesto — mas depois que
os moradores negros da cidade leram o jornal, eles assumiram,
assim como os leitores brancos, que todos os outros já estavam
participando.
Muitos dos que estavam nos bancos de igreja ou lendo os
jornais conheciam Rosa Parks pessoalmente e estavam dispostos a
participar do boicote porque eram amigos dela. Outros não
conheciam Parks, porém perceberam que a comunidade estava se
unindo em prol da causa dela, e que se fossem vistos andando de
ônibus na segunda-feira, isso pegaria mal. “Se você trabalha”, dizia
um panfleto distribuído nas igrejas, “pegue um táxi, ou peça uma
carona, ou vá a pé”. Então todo mundo ouviu dizer que os líderes
do boicote tinham convencido — ou intimidado à força — todos os
motoristas de táxi negros a concordar em levar passageiros negros
na segunda-feira por dez centavos a viagem, o preço de uma
passagem de ônibus. Os laços fracos da comunidade estavam
aproximando todo mundo. Naquele ponto, ou você estava no
boicote ou era contra ele.
Na manhã da segunda-feira do boicote, King acordou antes de
o sol nascer e tomou seu café. Sua mulher, Coretta, ficou sentada na
janela da frente e esperou o primeiro ônibus passar. Ela gritou
quando viu os faróis do ônibus da linha South Jackson,
normalmente cheio de empregadas domésticas a caminho do
trabalho, passando sem nenhum passageiro. O ônibus seguinte
também estava vazio. E o seguinte também. King pegou seu carro e
começou a dirigir pela cidade, conferindo outros itinerários. Em
uma hora, ele contou oito passageiros negros. Uma semana antes,
teria visto centenas.
“Eu fiquei extasiado”, ele escreveu depois. “Um milagre tinha
acontecido .(…) Viram-se homens indo trabalhar montados em
mulas, e havia mais de uma carroça puxada por cavalos percorrendo
as ruas de Montgomery .(…) Espectadores tinham se juntado nos
pontos de ônibus para ver o que estava acontecendo. No começo
ficaram quietos, mas conforme o dia foi passando, eles começaram
a comemorar os ônibus vazios, dar risadas e fazer piadas. Ouviamse
jovens barulhentos fazendo um coro de ‘Hoje não tem
passageiros’.”
Naquela tarde, num tribunal da Church Street, Rosa Parks foi
condenada por violar as leis estaduais de segregação. Havia mais de
quinhentos negros apinhados nos corredores e parados na frente do
prédio, aguardando o veredito. O boicote e a concentração
improvisada no tribunal foram o evento de ativismo político negro
mais significativo da história de Montgomery, e tudo aquilo se
armara em cinco dias. O movimento começara entre os amigos
próximos de Parks, mas ganhou força, como King e outros
participantes disseram depois, devido a um senso de obrigação
entre a comunidade — os hábitos sociais dos laços fracos. A
comunidade foi pressionada a manter-se unida pelo medo de que
qualquer pessoa que não participasse não seria mais digna de
amizade.
Há muitas pessoas que teriam participado do boicote mesmo
sem este incentivo. King, os taxistas e as congregações talvez
tivessem feito as mesmas escolhas sem a influência dos laços fortes
e fracos. Porém dezenas de milhares de pessoas da cidade inteira
não teriam decidido deixar de pegar ônibus sem o incentivo dos
hábitos sociais. “A comunidade negra, antes dormente e resignada,
agora estava totalmente desperta”, King escreveu depois.
Estes hábitos sociais, no entanto, não eram fortes o bastante
por si sós para estender um boicote de um único dia num
movimento de um ano inteiro. Dentro de poucas semanas, King
estaria abertamente receoso de que a perseverança das pessoas
estava enfraquecendo, que “a capacidade da comunidade negra de
continuar lutando” estava em xeque.
E então estes receios se dissipariam. King, como milhares de
outros líderes de movimento, transferiria o comando da luta de suas
próprias mãos para os ombros de seus seguidores, em grande parte
conferindo-lhes novos hábitos. Ele ativaria a terceira parte da
fórmula do movimento, e o boicote se formaria numa força
autopropulsora.
Retirado do Livro O Poder do Hábito - Charles Duhigg
quinta-feira, 16 de julho de 2015
O alto preço de viver longe de casa
Muito além do valor do aluguel.
Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.
Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.
E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.
A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.
E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. É tentar, sem sucesso, conter um chorinho de canto e suspirar sabendo que é o único responsável pela própria escolha. No dia seguinte, ao acordar, já está tudo bem, a vida escolhida volta a fazer sentido. Mas você sabe que outras noites dessa virão.
Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?
Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?
Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?
Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?
Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia.
Quem deixou Vitória da Conquista, São José do Rio Preto, Floripa, Juiz de Fora, Recife, Sorocaba, Cuiabá ou Paris para construir uma vida em São Paulo. Quem deixou São Paulo pra ir para o Rio, para Brasília, Dublin, Nova York, Aix-en-provence, Brisbane, Lisboa. Quem deixou a Bolívia, a Colômbia ou o Haiti para tentar viver no Brasil. Quem trocou Portugal pela Itália, a Itália pela França, a França pelos Emirados. Quem deixou o Senegal ou o Marrocos para tentar ser feliz na França. Quem deixou Angola, Moçambique ou Cabo Verde para viver em Portugal. Para quem tenta, para quem peita, para quem vai.
O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking.
- Ruth Manus
Disponível em http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/o-alto-preco-de-viver-longe-de-casa/ acesso em 16/07/2015 às 23:41h
sábado, 23 de maio de 2015
Xingamento - Gregório Duvivier
Puta, piranha, vadia, vagabunda, quenga, rameira, devassa, rapariga, biscate, piriguete. Quando um homem odeia uma mulher — e quando uma mulher odeia uma mulher também— a culpa é sempre da devassidão sexual. Outro dia um amigo, revoltado com o aumento do IOF, proferiu: "Brother, essa Dilma é uma piranha". Não sou fã da Dilma. Mas fiquei mal. Brother: a Dilma não é uma piranha. A Dilma tem muitos defeitos. Mas certamente nenhum deles diz respeito à sua intensa vida sexual. Não que eu saiba. E mesmo que ela fosse uma piranha. Isso é defeito? O fato dela ter dado pra meio Planalto faria dela uma pessoa pior?
Recentemente anunciaram que uma mulher seria presidenta de uma estatal. Todos os comentários da notícia versavam sobre sua aparência: "Essa eu comeria fácil" ou "Até que não é tão baranga assim". O primeiro comentário sobre uma mulher é sempre esse: feia. Bonita. Gorda. Gostosa. Comeria. Não comeria. Só que ela não perguntou, em momento nenhum, se alguém queria comê-la. Não era isso que estava em julgamento (ou melhor: não deveria ser). Tinham que ensinar na escola: 1. Nem toda mulher está oferecendo o corpo. 2. As que estão não são pessoas piores.
Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizendo que o Lula é feio: "O Lula foi um bom presidente, mas no segundo mandato embarangou." Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e orelhas de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu pra mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas.
Filho da puta, filho de rapariga, corno, chifrudo. Até quando a gente quer bater no homem, é na mulher que a gente bate. A maior ofensa que se pode fazer a um homem não é um ataque a ele, mas à mãe — filho da puta- ou à esposa — corno. Nos dois casos, ele sai ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma mulher da vida. Hijo de puta, son of a bitch, fils de pute, hurensohn. O xingamento mais universal do mundo é o que diz: sua mãe vende o corpo. 1. Não vende. 2. E se vendesse? E a sua, que vende esquemas de pirâmide? Isso não é pior?
Pobres putas. Pobres filhos da puta. Eles não têm nada a ver com isso. Deixem as putas e suas famílias em paz. Deixem as barangas e os viados em paz. Vamos lembrar (ou pelo menos tentar lembrar) de bater na pessoa em questão: crápula, escroto, mau-caráter, babaca, ladrão, pilantra, machista, corrupto, fascista. A mulher nem sempre tem culpa.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
'Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. E não se pode aprender a arte ilusória — inexistente, embora ardentemente desejada — de evitar suas garras e ficar fora de seu caminho. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão — mas não se tem a mínima idéia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido. Em nossas preocupações diárias, o amor e a morte aparecerão ab nihilo — a partir do nada.
Evidentemente, todos nós tendemos a nos esforçar muito para extrair alguma experiência desse fato; tentamos estabelecer leis antecedentes, apresentar o princípio infalível de um post hoc corno se fosse um propter hoc, construir uma linhagem que “faça sentido” — e na maioria das vezes obtemos sucesso. Precisamos desse sucesso pelo conforto espiritual que ele nos traz: faz ressurgir, ainda que de forma circular, a fé na regularidade do mundo e na previsibilidade dos eventos, indispensável para a nossa saúde mental. Também evoca uma ilusão de sabedoria conquistada, de aprendizado, e sobretudo de uma sabedoria que se pode aprender, tal como aprendemos a usar os cânones da indução de J. S. Mill, a dirigir automóveis, a comer com pauzinhos em vez de garfos ou a produzir uma impressão favorável em nossos entrevistadores.'
- Amor Líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos / Zygmunt Bauman
quinta-feira, 9 de abril de 2015
O que você quer dizer com “você sumiu”? - Daniel Bovolento
Barulho do whatsapp. Você nem acredita quando abre o aplicativo e dá de cara com aquela foto que revela um rostinho conhecido que tinha desaparecido dos últimos contatos. 22h45 e um monólogo monossilábico. “Sumido”. Sumido. Su-mi-do. Eu? “Sim, você sumiu”.
A cobrança vem no meio de um dia de estresse e expediente estendido. Tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho, abrir um vinho vagabundo e jogar as pernas pro alto do sofá pra ver um programa besta na TV e brincar com os gatos. E eu sou sumido? Sim, pois sim, sumi. E te digo mais: sumi porque você implorou, gritou, teclou letra por letra me pedindo pra sumir.
Você rosna mais que os meus gatos quando estão em posição de perigo. Rosna e ameaça ataque, mas a verdade é que você não passa de uma daquelas pessoas que dão corda, acham bonito montar trapézio pra gente subir e fazer malabarismo feito artista de circo. Veja bem, eu sempre respondi enquanto era um fluxo: você perguntava, eu respondia, a gente se divertia, até rolou um encontro ou outro, nada muito animado porque você parecia nunca querer estar ali. Dois dias sem sinal de vida e voltava como se nada tivesse acontecido. Ou como na maioria das vezes: eu ia lá e puxava assunto. Quer morte de dignidade mais severa do que puxar assunto ad eternum? Que fique claro que eu não vejo problema nenhum em puxar assunto, pelo contrário, se a gente quer alguma coisa, a gente vai atrás. É assim na lei da vida, é assim que as coisas acontecem. Mas pare e pense – e agora eu falo com você, caro leitor – quantas vezes nessa vida foi você o interlocutor principal da conversa? Quantas vezes, senão a maioria, senão todas as vezes em que é você quem dá sinal de vida pra receber uma resposta horas depois e bem pouco animada, requentando um assunto que não sai da porcaria do virtual? Sei que você vai me entender.
E do nada aparece o ser humano te cobrando presença. Seria engraçadinho se não fosse revoltante. Sabe por quê? Porque aquele tesão, aquela vontade de tirar o carro do freio de mão e engatar a primeira marcha com mais animação, aquela coisa de dizer pra si mesmo que “agora vai” morreu. Morreu no silêncio do whatsapp, morreu na falta de vontade, morreu no sumiço de 7 dias que denuncia que não faz diferença alguma em você estar ali ou não pra ela(e). Imprevistos acontecem, ficar preso até tarde no trabalho também, perder o celular e ser assaltado idem, mas a verdade é que aquela sua paquera distante, que mal mostra empolgação com o assunto – ou mostra, o que é mais frustrante – tá nem aí pra você. Ela vai responder enquanto você falar, mas a partir do momento em que você renunciar a iniciativa, vai perceber que tanto faz. Tanto faz porque ela te responde como se fosse obrigação, de uma maneira despreocupada de acenar as mãos e dizer que tá aqui. E volta do nada, talvez porque revirou a lista do whatsapp, talvez porque lembrou que tinha um novo episódio de série pra comentar com alguém e achou você. E te chama (na cara de pau) de sumido.
Vamos lá, meu bem, voltando a você, te explico. Sumi, sumi sim, e por mim você nem teria me achado. O meu sumiço, ao contrário do seu, não é silêncio, é resposta. Eu fiquei ali, tentei, insisti, mas uma hora cansa. Cansa pra todo mundo gritar e só ouvir o eco da própria voz. Cansa nunca ser convidado pra nada, nunca receber um alerta no celular dizendo que chegou mensagem. Porque quem faz isso no início, vai fazer pra vida toda. Quem não se anima com a gente, não sente a menor necessidade de estar perto na fase fácil, a fase em que tudo são flores e a gente ainda não conhece os demônios do outro, quem se ausenta aqui, vai se trancar sozinho num porão por dias e fingir sequestro quando a coisa avançar.
Sumi e sumo de novo. Não é orgulho nem precaução, como já te disse, é resposta. Porque por trás da sua acusação, do “você sumiu”, existe uma história de desinteresse. Só que não é de mim por você, ou talvez agora até seja. Sumi e foi bem lembrado o alerta do meu sumiço, porque faço questão de te deixar ver dois sinais azuis antes de te bloquear e sumir de vez. Porque, ao contrário do que pensam, as pessoas não gostam de desprezo, pelo menos não funciona assim comigo. Eu vou com você e você vem comigo ou nada feito. Você some e eu não vou atrás, não te procuro, não espalho cartazes desesperados por aí em busca de você. Some e eu entendo que desde o início você nem deveria ter aparecido.
segunda-feira, 23 de março de 2015
Chega pra lá, babaca!
Tem coisa mais doida que mulher carente? Não, não tem. Não tem e nada nesse mundo me fará mudar de idéia. Mulher carente é igual a problema em dobro. Se já somos suficientemente inseguras 365 dias por ano. Imaginem: mulher-insegura-carente? Toda mulher que se preze já caiu em uma cilada amorosa. Quem nunca caiu que atire a primeira pedra (…) As histórias são quase sempre as mesmas, claro, tem suas peculiaridades, mas em geral são muito parecidas. Toda mulher apaixonada começa sempre do mesmo jeito. Romantiza tudo, vê beleza em tudo, suspira por tudo, até em fila de ônibus… O problema acontece quando se está suspirando pelo cara errado. Pelo famoso “babaca”. Vai dizer que você nunca gostou de um? Fala pra mim, olha para os lados, veja se não tem ninguém por perto e admita: Eu já me apaixonei por um babaca. Relaxa moça, não tem ninguém vendo mesmo. O começo é sempre igual, a gente romantiza qualquer SMS de “bom dia”, qualquer “oi”, qualquer email mais ou menos. Duas saídas, alguns SMS’s meia bomba, uns emails chinfrins, algumas palavrinhas carinhosas e lá estamos nós: acreditando fielmente que o tal “babaca” pode ser o grande candidato ao homem da nossa vida. Relaxa gata, como diz nossa amiga de fossas Tati Bernardi: “Quem nunca saiu com o cara errado que atire a primeira pedra, mas atire nele, por favor”. A vida é assim, de babaca em babaca a gente chega ao altar, quem sabe um dia. Se não rolar o lance de altar, experimente viver e se enxergar. Acredite, vai acontecer qualquer dia, qualquer hora, alguém irá te enxergar, mesmo que você esteja sem maquiagem, suada, desarrumada, descabelada. O famoso homem da sua vida vai te enxergar… Confie em mim, ou em você, né. Voltando ao assunto da paixão pelo “babaca”, entenda: Se o homem realmente gosta, ele vai até o inferno por você. Ele vai sim, e ainda abraça o capeta se for preciso. Sabe por quê? Porque homens são previsíveis, se eles querem eles querem, se não querem, não querem. A raça dos homens não é complexa igual a nós mulheres, que sempre temos dúvidas, que sempre analisamos, pensamos, colocamos mil problemas e tal. Homem é tudo igual. Eu sei é clichê, mas é a mais pura verdade. Quando o cara quer, não tem distância, problemas, família, trabalho, tempo, futebol, estudo, mãe, unha encravada, barba por fazer, celular sem bateria, chuva, temporal, falta de dinheiro que o impeça de estar com você. É simples. É a realidade. O cara vai largar o jogo dele de Playstation e vai responder seu SMS prontamente. O cara vai te ligar assim que ele puder. O cara vai te esperar o tempo que for. O cara vai te corresponder – talvez não da mesma forma que uma mulher que é muito mais intensa. Essa é a mais pura verdade. Não se iluda. Então vamos repetir como se fosse um mantra: Que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, amém! Babaca que se preze sempre dá a pinta de que é babaca. Atenção!
Meninas leiam esse texto, imprimam e colem na porta da geladeira, outra cópia perto do computador e outra no seu guarda-roupa (para quando vocês forem se vestir para aquele tal encontro e analisarem se realmente vale à pena sair de casa). Eu sei, é tudo teoria. Na prática é diferente porque nós mulheres somos assim: intensas.
Meninas leiam esse texto, imprimam e colem na porta da geladeira, outra cópia perto do computador e outra no seu guarda-roupa (para quando vocês forem se vestir para aquele tal encontro e analisarem se realmente vale à pena sair de casa). Eu sei, é tudo teoria. Na prática é diferente porque nós mulheres somos assim: intensas.
- Tati Bernardi
Antes que elas cresçam - Affonso Romano de Sant'Anna
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.
Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.
Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?
Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.
Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.
Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.
Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.
O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.
quarta-feira, 18 de março de 2015
sexta-feira, 13 de março de 2015
quarta-feira, 11 de março de 2015
Sobre o último dia da mulher
Fiz este texto no último Dia Internacional da Mulher, ia publicar no insta mas não rolou, então vou postar aqui.Um texto de autoria própria aqui é coisa rara, aproveitem. Segue:
Aí deu meia noite, as mensagens começaram a chegar e pensei 'afinal, o que é ser mulher?' E te digo que o que me veio à cabeça foi 'é ver seu amigo ao ver as dançarinas do Aviões comentar ironicamente "essas aí são tudo virgem" e você pensar "e daí se não são virgens?" trágico em pleno século XXI uma pessoa associar valor a outra pela sua sexualidade; é saber que alguém a subestima só por você ser mulher, mas é também ver esse mesmo alguém surpreso ao ver que você conseguiu - mesmo sendo mulher. É por vezes lavar a louça enquanto teu irmão brinca pq tu é mulher e ele é homem, e ponto final - como se isso explicasse tudo. É ter que aguentar alguns caras querendo saber a todo custo o pq de você não querer nada com eles já que você é mulher e tá solteira e tem por obrigação agarrar qualquer babaca que apareça pela frente (tsc). É saber que, para boa parte das pessoas, se o cara trai, a culpa é da mulher, se ela trai a culpa é dela do mesmo jeito, vadia né? Só pode. É ouvir vez em sempre "e os namorados?" como primeira pergunta de quem não te vê há um bom tempo, como se sua vida se resumisse a isso. É ser assediada no bus quando se está desacompanhada, pq afinal, mulher que ainda só não merece respeito. É ouvir conselhos do tipo "case, tenha filhos", quando na verdade você também quer fazer isso, mas pensa em ganhar o mundo antes. É quase não acreditar quando ouve seu 'amigo' dizer ao ver uma mulher de roupa curta "Depois é estrupada e não sabe por quê". É ficar abismada ao ouvir de um cara que se considera super pra frente a frase "cuide em casar, você sabe que mulher tem prazo de validade né?" e pensar em responder "cara, tu vai broxar um dia e nunca mais vai subir saporra e vem falar de validade pra mim?". É saber que os caras (e até algumas mulheres) acham que as mulheres têm de saber se portar pra merecer um "Feliz dia Internacional da Mulher", que tem que saber ser mulher. Cara, o que é saber ser mulher? Quem determinou isso e quando? Pow, as pessoas são o que elas são, por alguma razão que na maioria das vezes a gente desconhece, então deixa a mulher ser o que ela quiser e acha que deve ser! Custa cuidar da própria vida? É ver as pessoas com dó das mulheres que são mais velhas e não casaram, como se não tivessem honrado seus destinos, coitadas. É ter consciência que teus amigos moços, e até algumas moças, vão te achar 'feminazi' feminista por conta deste texto. E quem se importa?
Então né, parabéns pelo "Dia Internacional da Mulher" (leia-se com voz irônica), pq meu amor, não é nada fácil aguentar esses e outros machismos nosso de cada dia (e o pior é saber que ainda tem quem considere tudo isso N O R M A L) , e ainda ter que ter paciência. A minha por sinal anda escassa.
Almejou e jogou fora
Me veio então
Com olhos brilhando
A flor da pele
A poesis pulsante
Ao sabor do engano
Disse portanto
'O que faz pra ser assim
Admiro o que fazes
E não sei como me compreendes
Mas me diga o seu sim'
O sim foi dado
Start
O elo atado
Smart
Foi então evoluindo
Produzindo
Progredindo
Deu sua entrega a cada dia
Fez daquilo argumento
Pena que não se conhecia
Nem via
Que chegava seu tormento
Foi quando se viu encurralado
Resiliência lhe faltou
Abandonou então
Sem me dar o direito ao não
O barco que um dia entrou
É triste ver portanto
Que seus olhos já não brilham agora
Que a poesia não tem sentido
De mais um pupilo
Que almejou e jogou fora.
- Gustavo Molina
Com olhos brilhando
A flor da pele
A poesis pulsante
Ao sabor do engano
Disse portanto
'O que faz pra ser assim
Admiro o que fazes
E não sei como me compreendes
Mas me diga o seu sim'
O sim foi dado
Start
O elo atado
Smart
Foi então evoluindo
Produzindo
Progredindo
Deu sua entrega a cada dia
Fez daquilo argumento
Pena que não se conhecia
Nem via
Que chegava seu tormento
Foi quando se viu encurralado
Resiliência lhe faltou
Abandonou então
Sem me dar o direito ao não
O barco que um dia entrou
É triste ver portanto
Que seus olhos já não brilham agora
Que a poesia não tem sentido
De mais um pupilo
Que almejou e jogou fora.
- Gustavo Molina
O que mais?
Hoje um amigo perguntou:
“Ique, tem 18.000 mulheres querendo sair com você.
Por que você está saindo só com uma?”.
Estou saindo com uma garota.
Todas as vezes em que ela entra no carro,
pula em cima de mim com um sorriso e diz:
“ABRAÇO DE URSO!”.
Ela me chama de “Bolota” (o cachorro do comercial que morde as Havainas)
porque eu mordi o chinelo dela uma vez.
Estou saindo com uma garota.
Ela pesquisou a doença do meu pai na internet.
No outro dia, comprou várias coisas que ele precisava.
Desde o primeiro dia em que saímos até hoje,
ela me liga para dizer:
“Boa noite. Estou rezando pelo seu pai”.
Estou saindo com uma garota.
Ela vai deixar de fazer uma prova de concurso,
para a qual ela estudou dois anos,
para poder viajar comigo,
e levar meu pai para ver o mar pela última vez.
Estou saindo com uma garota.
Que nunca me enrolou.
Que não jogou.
E todos os finais de semana me procurou.
Perguntou se eu poderia viajar no Réveillon.
Eu disse que não, por causa do meu pai.
Então, ela deixou de viajar com as amigas,
para passar o Ano-Novo comigo,
com meu pai e meus amigos.
Estou saindo com uma garota.
Que manda mensagem às 22h30 de terça-feira para dizer:
“Estou com saudades”.
E dez minutos depois, estou na porta da casa dela, e respondo:
“Saudade a gente não responde, a gente mata.
Estou na porta da sua casa”.
Ela desce, entra no carro e pula em cima de mim sorrindo.
Estou saindo com uma garota.
Que ama Pearl Jam.
Ela canta, grita e dança dentro do carro.
Faz sexo com amor.
Sorri, me dá beijo e morde.
Estou saindo com uma garota.
Ela não se importa se meu cabelo está caindo ou não.
Se as amigas me acham feio ou não.
Que não liga se saio de boné à noite.
All-star, bermuda.
Eu sonho com ela enquanto durmo.
E penso nela quando acordo.
Estou saindo com uma garota.
Que não está presa no passado.
No medo, ou no ex-namorado.
Que não deixa de sair com as amigas.
Que não briga se eu sair com os amigos.
E com ela ficar junto não é uma obrigação,
mas um escolha.
Estou saindo com uma garota.
Que quando eu choro no cinema, me aperta e diz:
“Não chora. É tudo mentirinha”.
Aí eu respondo chorando:
“Mas é baseado em fatos reais!”.
E ela começa a rir.
Estou saindo com um garota.
Quando meu telefone toca,
eu espero que seja ela.
Quando ela me beija,
esqueço por dois minutos
que meu pai está morrendo.
Quando ela me abraça,
esqueço por dois minutos
o peso e a dor que estou vivendo.
Quando ela sorri,
volto a sentir
que a vida pode ser leve e pura.
Que esse sentimento,
não são 18 mil mulheres que me fazem sentir.
É uma.
É ela.
Ique Carvalho
Quando eu amo, amo mesmo.
Em qualquer lugar,
em qualquer momento.
Eu não tenho medo.
Não importa
o que as pessoas vão falar de mim.
Elas não podem tirar
o meu desejo de sentir.
Então, em vez de fugir,
eu digo sim.
Para o seu beijo e o meu sentimento,
eu digo sim.
Você sabe o que quero dizer.
Apenas nós dois
e ninguém mais aqui dentro.
Quando eu amo, amo mesmo.
Eu sei, as vezes
vai parecer esquisito.
Alguns dias
vamos sair para dançar.
Algumas noites
vamos ficar vendo filmes abraçados no sofá.
Alguns dias
vou chegar na sua casa
deitar no seu colo
e chorar.
Levará um tempo
para você se acostumar com o meu jeito.
Quando eu amo, amo mesmo.
E o amor, como toda as coisas da vida,
não está imune ao sofrimento.
Então, por favor,
cuide bem desse sentimento.
Fique perto do telefone.
Eu gosto de ligações de madrugada.
Não é insegurança.
É, apenas,
para ouvir a sua voz e
saber que chegou bem em casa.
Quando eu amo, amo mesmo.
E o meu amor é puro e limpo.
Se eu não gostar mais,
não chifro.
Eu termino.
Faz muito mais sentido.
Do que passar o resto da vida escondendo
e digerindo arrependimentos passados.
Não fico em cima do muro.
Eu mostro a cara.
Renuncio a máscara.
Eu vou atrás daquilo
que faz meu coração balançar.
Não tenho vergonha de falar.
Eu gosto de abraçar, de tocar,
de ligar, mandar mensagem,
aparecer sem avisar.
Levará um tempo para se acostumar.
Mas você vai aprender
a olhar para dentro do seu coração e viver.
Quando eu amo, amo mesmo.
Em uma sala lotada
tudo que eu vejo é você.
E me pergunto
se um dia as pessoas vão entender
que ninguém pode preparar você
para o que vai acontecer.
Deixe o medo para mais tarde.
Agora, levante
e venha me ver.
Ficar ao seu lado
é tudo que eu quero fazer.
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