segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Sua mulher fora louca por ele outrora; amara-o com mil servilismos que o haviam afastado dela ainda mais. Alegre no passado, expansiva e totalmente apaixonada, ao envelhecer tornara-se (como o vinho que exposto ao ar se transforma em vinagre) difícil, gritona e nervosa. Sofrera tanto a princípio, sem se queixar, quando o via correr atrás de todas as prostitutas da aldeia e quando vinte bordéis lho enviavam de volta, à noite, embotado e cheirando a bebida! Depois, o orgulho revoltara-se. Então calara-se, engolindo sua raiva num estoicismo mudo que conservou até a morte.

— Madame Bovary, Gustave Flaubert

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